As Jornadas do clero de Aveiro reflectem sobre o mistério (a identidade) e o ministério (a função) do padre
As Jornadas do clero de Aveiro reflectem sobre o mistério (a identidade) e o ministério (a função) do padre. O clero da Diocese de Aveiro (bispos, padres e diáconos) tem de 9 a 12 de Fevereiro a sua semana de formação permanente, na Casa Diocesana, em Albergaria-a-Velha. O tema geral é “Ano Sacerdotal: do Mistério ao Ministério”.
“Não podíamos fugir à proposta do Santo Padre [que decretou o Ano Sacerdotal], e quisemos reflectir sobre a pessoa do padre e a sua função nos tempos actuais”, disse ao Correio do Vouga o Pe. Manuel Joaquim Rocha, elemento da equipa que preparou a semana. Segundo este sacerdote, pároco da Vera Cruz, o “padre tem de estar em relação com as pessoas a quem se dirige, com valores, perspectivas e contexto cultural em mudança, mantendo a fidelidade àquele que é a origem do ser padre”, que é o próprio Jesus Cristo. A primeira parte da afirmação remete para o Ministério, isto é, serviço; a segunda para o Mistério, não no sentido de desconhecido, mas de algo que ultrapassa os horizontes humanos. Daí que parte da identidade do padre tem de ser questionada de vez em quando, porque “mudam as pessoas, as vivências e os valores”, enquanto outra parte deve ser aprofundada, porque resulta de algo comum a todos os padres ao longo da história.
Para ajudar o clero a reflectir, logo no primeiro dia, foram convidadas vozes exteriores ao clero. O Correio do Vouga falou com dois desses convidados, Ivan Silva, director-adjunto do “Diário de Aveiro”, e Ondina Matos, enfermeira e elemento da equipa da Pastoral Juvenil diocesana. Ivan Silva, falando como jornalista, considera que a imagem do padre “é positiva”. O “padre surge como homem sério, bom conselheiro, próximo das pessoas”, afirma. E quando surge um escândalo com um padre ou numa paróquia, matéria a que os jornais costumam dar destaque? O director-adjunto do DA responde: “São coisas raras e, de certa forma, normais. O exemplo, por muito raro que seja, pode ter um impacto muito grande, mas julgo que ninguém generaliza isso. As pessoas tendem a ver essas situações como casos isolados”. Ivan Silva poderá centrar a sua reflexão com o clero na relação dos padres e da Igreja com a comunicação social. Neste aspecto, reconhece que há muito a fazer, quer da parte da Igreja, quer da comunicação social: “A Igreja faz muitas coisas boas, mas tem dificuldade em divulgá-las. Perdeu a atitude autoritária de quem estava num patamar superior, está mais próxima, mas ainda tem dificuldade em comunicar para fora”. Ivan Silva vê com bons olhos a colaboração de padres e de bispos no diário que dirige e aponta um bom exemplo de comunicação dos seus tempos de infância e juventude: “Gostava muito de ler a revista «Audácia» [dos missionários combonianos]. Apreciava os relatos dos missionários e da Igreja em África e noutras partes do mundo”.
Ondina Matos, embora ainda esteja a pensar no assunto, disse ao Correio do Vouga que a sua reflexão poderá incidir em três pontos. O primeiro será sobre a importância de alguns padres para o seu crescimento como pessoa e como cristã. Acrescentará um outro sobre “a rede afectiva de apoio” que os padres devem ter contra o isolamento e sobre um ministério mais centrado nas pessoas “do que nos tijolos”, isto é, nas obras paroquiais. As “pessoas querem e precisam de um padre que seja exemplo, que reze, que seja sinal de Deus e de espiritualidade”, afirmou. Por último, procurará revelar o que os jovens mais afastados da Igreja dizem do padre. Para isso, lançou um pequeno inquérito a alguns jovens. As respostas serão reveladas na tarde do dia 9 de Fevereiro.
Jorge Pires Ferreira
Programa
«Ano sacerdotal: do Mistério ao Ministério»
Dia 9
10h30 – Abertura por D. António Francisco e Pe. Rocha
11h00 – “Padres para este tempo”, por D. António Marcelino, Bispo emérito de Aveiro
15h30 – Mesa redonda: “O que se diz do padre”, com Élio Maia (presidente da Câmara de Aveiro), Ivan Silva (director-adjunto do “Diário de Aveiro”), Ondina Matos (enfermeira e jovem do SDPJV), e Irmã Helena (Amor de Deus)
21h00 – Momentos de partilha: Pe. Tomás Afonso; Pe. Vítor Espadilha; Pe. José Camões
Dia 10
10h00 – “A formação permanente”, por Pe. António Jorge (diocese de Viseu)
15h00 – “Imagens do presbítero na história recente”, por D. Carlos Azevedo (Bispo auxiliar de Lisboa)
Dia 11
10h00 – “A formação espiritual dos presbíteros”, por Pe. Emilio Magaña (Pontifícia Universidade Gregoriana)
15h00 – “Será possível uma fraternidade presbiteral?”, por Pe. Emilio Magaña (Pontifícia Universidade Gregoriana)
21h00 – Um padre na música: Pe. Tarzício
Dia 12
10h00 – “Linhas de força da formação ao presbiterado”, por Pe Emilio Magaña (Pontifícia Universidade Gregoriana)
12h00 – Palavra de encerramento do Sr. Bispo D. António Francisco dos Santos