Religiosos que não optaram pelo sacerdócio não têm merecido «atenção», admite Cardeal Franc Rodé
O Vaticano está a preparar um documento sobre os irmãos, os religiosos que não optaram pelo sacerdócio, admitindo que os mesmos não têm merecido atenção suficiente por parte da Igreja.
“Queremos fazer um documento dedicado especialmente a esta figura do irmão leigo, que é uma figura autónoma, uma figura que tem um sentido em si mesma, que tem uma identidade própria”, revelou em entrevista à Rádio Vaticano o Cardeal Franc Rodé, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
O Cardeal observou que, desde 1965, o número de irmãos tem diminuído drasticamente, dando como exemplo os das “escolas cristãs” que eram 16 mil em 1965 e hoje são menos de 5000, uma quebra “enorme”, nas suas palavras.
A situação regista-se também nas congregações de sacerdotes e irmãos, nas quais estes últimos têm diminuído a um ritmo mais acelerado do que os primeiros. “Há um problema e é preciso fazer qualquer coisa”, diz D. Franc Rodé.
“Pensamos que uma das razões para essa diminuição seja uma certa falta de atenção por parte da Igreja a esta figura de cristão consagrado que é o irmão : nem o Vaticano II nem os documentos pós-conciliares têm confirmado a importância desta vocação”, admite o membro da Cúria Romana.
Para o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, esta é “uma vocação que tem uma lógica em si mesma, que tem uma missão particular na Igreja e a história comprova-o fortemente”.
O documento dedicado à figura do irmão deve ficar pronto no segundo semestre do ano. Em preparação está ainda um documento sobre a oração.
“Hoje, num mundo tão movimentado como o nosso, a oração torna-se certamente mais difícil”, afirma o Cardeal Rodé.
Este outro documento deseja responder a “uma certa “ignorância”, a uma certa falta de conhecimento e de formação litúrgica nos jovens religiosos e religiosas”.