“Para se entender o que se passa nos nossos dias, a nível social, cultural e até religioso, é obrigatoriamente necessário conhecer a história mais recente do nosso país” – afirmou ao «Correio de Coimbra» o Pe. A. Jesus Ramos, director do Instituto Superior de Estudos Teológicos, a propósito das Jornadas de Teologia que vão decorrer a 12 e 13 de Fevereiro no Auditório do Instituto Justiça e Paz.
Em relação à temática destas jornadas, o Pe. A. Jesus Ramos realça que “estamos a celebrar os cem anos da implantação do regime republicano em Portugal. Durante este período, a Igreja e o Estado mantiveram um relacionamento com várias cambiantes, desde a hostilidade, nos primeiros tempos, até à colaboração em outras épocas mais ou menos determinadas.”
Ao nível dos momentos mais marcantes das relações entre a Igreja e o Estado neste século, o sacerdote da diocese de Coimbra aponta quatro. “O primeiro refere-se, logicamente, aos anos que se seguiram à implantação da República, com o corte de relações com a Igreja e a lei de separação. Tal período vai, pelo pelos, até 1922, quando se reatam as relações diplomáticas entre o Governo Português e o Vaticano. Depois vem um período pouco definido, com a chamada revolução de 28 de Maio de 1928, a que se seguiu a Constituição de 1933. Eu diria que se tratou de um tempo de procura entre o velho e o novo, com alguma vantagem para a Igreja que, sem atavios de poder político, se conseguiu recompor da perseguição hostil do republicanismo anticlerical.”
Com o aparecimento do Estado Novo, apareceram – da parte da Igreja – vozes críticas. “As mais conhecidas são as do senhor D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto; do Bispo da Beira, D. Sebastião Soares de Resende; do Pároco da Encarnação e deputado, Padre Abel Varzim. Mas, atrás destas vozes, muitas outras tentaram erguer-se, embora quase sempre silenciadas por este ou aquele motivo”.
Entrevista na íntegra no «Correio de Coimbra»