Assinalar a peregrinação de mil jovens a Roma

Jovens do Patriarcado de Lisboa que em 1983 visitaram João Paulo II repetem a viagem para se encontrarem com Bento XVI

Os jovens que em 1983 peregrinaram a Roma, ao encontro de João Paulo II, regressam neste Sábado ao Vaticano para estar com Bento XVI, desta vez acompanhados pelas suas famílias e pelo Cardeal Patriarca, que há 27 anos era o Bispo auxiliar de Lisboa a quem competia o acompanhamento da Pastoral Juvenil da diocese.

O encontro com o Papa polaco, que ocorreu na residência de Castel Gandolfo, teve como objectivo agradecer a visita a Lisboa, realizada em 1982. A mobilização de 2010 quis chegar aos cerca de mil peregrinos que então encheram duas dezenas de camionetas.

Os cadernos com as listas dos autocarros voltaram a ser abertos; investigaram-se telefones, moradas e endereços electrónicos; criou-se uma página na Internet. A 13 de Fevereiro, cerca de 150 pessoas embarcam para a Cidade Eterna, desta vez de avião. Para alguns, a estadia de cinco dias será um regresso. Para outros, como as crianças, será a primeira vez.

“A memória não é a motivação fundamental da iniciativa. Tal como aconteceu em 1983, queremos sublinhar a relação de fidelidade com o Papa e com o que ele significa na Igreja e para cada um de nós”, explicou Henrique Mota, que coordena a peregrinação. “Não há uma nostalgia de querermos refazer em 2010 o que sucedeu em 1983”, referiu à Agência ECCLESIA.

Quando a iniciativa começou a ser planeada, os organizadores estavam longe de imaginar que Bento XVI visitaria Portugal apenas três meses depois da passagem por Roma. “Essa coincidência nem por um momento nos fez pensar que devíamos alterar o nosso plano. O projecto até fica reforçado com a vinda do Papa, dado que esta peregrinação é um passo na preparação para o seu acolhimento”, afirmou.

Pela obediência à liberdade

A primeira visita de Karol Wojtyla a Portugal configurou a visão eclesial de Henrique Mota: “Ter estado em Lisboa e em Roma com João Paulo II foi um marco definitivo na minha compreensão do que é a Igreja e da fidelidade que temos com o Papa e com o nosso bispo. E vice-versa: nós somos ovelhas do rebanho deles”.

“Gostava que os meus filhos percebessem que a Igreja e a salvação têm a ver com o que cada pessoa faz, mas em conjunto com os outros”, sublinhou o editor.

O tema da peregrinação adopta a divisa de D. José Policarpo – “Da obediência à liberdade”. Uma expressão que Henrique Mota considera “oportuna para este tempo”.

“Ser obediente liberta-nos. Já em 1983 assumíamos que não podemos estar na Igreja a pensar que a fé se molda às ideias de cada pessoa. Ao contrário: as nossas ideias, comportamentos e atitudes conformam-se ao que a Igreja nos ensina”, defendeu o director da Principia.

“O que me parece ser o grande desafio dos cristãos é perceberem que só na pertença, isto é, só na obediência é que verdadeiramente somos felizes na Igreja.” Neste sentido, “se cada pessoa construir a fé à sua medida, perde toda a graça”, observou Henrique Mota.

“Faz-me impressão – reconheceu – que as pessoas tenham maior fidelidade ao seu clube de futebol e não a tenham à Igreja, que nos acompanha.”

Cardeal Patriarca continua à espera dos jovens

Numa carta dirigida aos participantes da peregrinação de 1983, D. José Policarpo assinalou que uma das vicissitudes da visita converteu-se numa metáfora da vida pastoral da diocese.

“Vós não esquecestes, certamente, a longa viagem de Fátima a Roma; eu nunca mais esquecerei a longa vigília à vossa espera, nas portagens de Roma, com o Senhor Cardeal Ribeiro; vigília que durou toda a noite”, escreveu D. José Policarpo.

E acrescentou: “Nos últimos anos, já como Patriarca de Lisboa, tenho pensado muitas vezes no significado simbólico dessa vigília: tenho passado a vida à espera dos jovens, à espera que eles cheguem para se integrarem nesta peregrinação da fé, que só começa e não acaba neste mundo”.

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