Cinema: Nas Nuvens

“Nas Nuvens” é o mais recente filme de Jason Reitman, realizador do interessante “Juno”.

Saído da da passada noite de 17 para 18 sem uma boa parte dos Golden Globes a que estava candidato, o filme arrecadou, no entanto, o de MELHOR ARGUMENTO, merecidíssimo, aliás.

Ser preterido por Avatar justifica-se sobretudo pela extraordinária tecnologia de ponta a este aplicada à invulgar animação tridimensional deste último (que uma pessoa amiga dizia com muita graça ser já mais próxima do registo “quadrimensional”!!).

“Nas Nuvens” não é um filme destacável por inexcedíveis qualidade técnicas, mas contém uma história com tanto de “tipicamente americano” como de provavelmente muito real (e nisto os americanos também são bons, não é só a efabular cenários): a história é a de um profissional do despedimento que, quase como os vendedores, leva a vida a coleccionar milhas cruzando os céus dos Estados Unidos, só que em vez de a vender, a despedir pessoal de empresas.

O trabalho, as milhas e o total não comprometimento afectivo a que se dedica entre as salas de embarque, as salas de despedimento e as salas improvisadas para aventuras “amorosas” parecem correr-lhe de feição. A si, não aos visados: desempregados de um lado, mulheres credulamente apaixonadas por outro.

Eis senão quando entram em cena, precisamente, duas novas mulheres que arrasam o seu estilo de vida: uma por querer implementar um novo sistema de despedimento a distância, poupando à empresa combustível aeronáutico, reservas de hotel e despesas de representação. Outra por quem este homem evidentemente se apaixona e talvez seja tão descomprometida por natureza quanto ele.

O filme desliza bem entre os registos de drama e comédia aos olhos do espectador, enquanto levanta sem esforço mas com interesse questões importantes como a do desemprego e o progressivo escudar das empresas, públicas e privadas, em sistemas virtuais de relação com os seus clientes e empregados o que, muito obviamente não serve equitativamente o interesse de ambas as partes. Pelo contrário!

Margarida Ataíde

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