Patriarcado de Lisboa aprofundou temas desenvolvidos na Semana Social
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, defendeu a recomposição das estruturas da Igreja que apoiam os mais carenciados, “sobretudo num tempo de crise como este”.
Esta renovação – explicou o bispo auxiliar de Lisboa à Agência ECCLESIA – deve começar pela constituição de um grupo que, nas várias instâncias da Igreja – paróquias, vigararias, unidades pastorais – reflicta sobre as tomadas de posição da Comissão Nacional Justiça e Paz e promova a aplicação prática da Doutrina Social da Igreja (DSI), “que é tão desconhecida da maioria dos cristãos”.
Segundo o prelado, é preciso elaborar uma estratégia “viável” que estabeleça “um rumo relativamente à organização das estruturas eclesiais dedicadas à questão social”. “Claro que este plano aproveitará e integrará todos os grupos e estruturas existentes”, acrescentou.
Equilibrar teoria e prática
O aperfeiçoamento da missão da Igreja exige o equilíbrio entre a compreensão dos princípios bíblicos e eclesiais e a aplicação operativa dos mesmos.
A Faculdade de Teologia da Universidade Católica tem proposto, nos últimos anos, uma formação pela Internet dedicada ao aprofundamento da DSI. D. Carlos Azevedo considerou que “o problema desses cursos é que são demasiado teóricos”.
“Nas comunidades cristãs é fundamental que haja, ao mesmo tempo, uma incidência na realidade. É preciso que as pessoas aprendam a aplicar os princípios doutrinais à situação que têm junto de si. Isso exige um trabalho de reflexão, em grupo, que por vezes se pode prolongar durante anos, através da metodologia ‘ver, julgar e agir’”, referiu o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.
“Não basta um conhecimento do compêndio da DSI, que por sinal é excelente; é necessária uma revisão de vida, isto é, saber ler a realidade política e económica numa chave cristã. É bom que haja esses cursos, porque oferecem bases, mas depois é preciso que eles sejam aproveitados pelas comunidades cristãs para fazerem o resto”, observou.
Construir o Bem Comum como Pedagogia Social
O Departamento da Pastoral Sócio-Caritativa do Patriarcado de Lisboa realizou na passada Sexta-feira um encontro intitulado «Construir o Bem Comum como Pedagogia Social».
A iniciativa pretendeu desenvolver o tema da última Semana Social, “porque fazem-se muitas jornadas de reflexão mas não se tiram as consequências práticas das conclusões”, constatou D. Carlos Azevedo, um dos oradores da sessão.
A subsidiariedade deve ser uma das prioridades da Igreja, pelo que as suas estruturas devem ajudar-se mutuamente na resposta às necessidades sociais. “O que a paróquia não for capaz de realizar, faz a unidade pastoral; se esta não tiver capacidade para solucionar os problemas, recorre-se à vigararia, e desta para a Região Pastoral”, exemplificou D. Carlos Azevedo.
Para D. Tomaz da Silva Nunes, bispo auxiliar de Lisboa e responsável pelo acompanhamento da Pastoral Sócio-Caritativa da diocese, a construção do Bem Comum deve ser feita sem rupturas. Neste sentido, a concretização reactualizada dos princípios e valores partirá “do que temos e do que somos rumo às coisas novas que queremos construir”.
Os 180 participantes no encontro destacaram a necessidade de revitalizar as estruturas, de modo a criar um movimento de maior dinamização da Pastoral Social ao nível das paróquias e das vigararias.
A assembleia sublinhou que é necessário intensificar a formação sobre a Doutrina Social da Igreja e introduzir essa dimensão na preparação para os baptismos e matrimónios.
As conclusões dos trabalhos de grupo sugeriram igualmente o envolvimento de pessoas já aposentadas e o investimento na inovação, tendo sempre como referência os critérios evangélicos.