As jornadas anuais de estudo e reciclagem do clero da Diocese de Setúbal decorreram, no Seminário de Almada, de 19 a 21 de Janeiro, e foram subordinadas ao tema da religiosidade popular e liturgia. Cerca de sessenta por cento dos padres e diáconos da Diocese foram ajudados a reflectir sobre o tema da religiosidade/piedade popular ao nível antropológico por Alfredo Teixeira (da UCP, Lisboa), na abordagem teológica por José da Silva Lima (UCP, Braga) e nas dimensões pastoral e litúrgica pelo Pe. António Cartageno, da diocese de Beja. As diferentes análises apresentaram uma perspectiva (normalmente) “positiva da religiosidade popular, apesar de nem sempre ser fácil tratar o tema na teologia e nas questões de índole mais pastorais” – realçou o Pe. Sílvio Couto, da diocese de Setúbal. Na dimensão antropológica, a religiosidade popular insere-se num clima de “erosão da prática religiosa”, considerou Alfredo Teixeira, segundo o qual temos de entendê-la num contexto de dupla erosão: “da civilização paroquial e da tradicionalidade religiosa”. Por seu turno, Silva Lima procurou contextualizar a religiosidade popular dentro do mais recente documento da Santa Sé sobre esta temática: «Directório da piedade popular e liturgia». Para este teólogo minhoto temos de entender a religiosidade/piedade popular dentro dum quadro em que a “Igreja Católica perdeu a sua influência e supremacia no campo social”, enquanto vamos vivendo “um processo de centralização do indivíduo”. Por outro lado, António Cartageno, como músico, professor e pároco no Baixo Alentejo, salientou a importância da música tradicional (de natureza rural) e a música religiosa naquela região do país. Partindo do seu trabalho pastoral referiu-se à “inculturação do canto popular religioso na liturgia”, exemplificando-o com cânticos recolhidos entre as populações alentejanas.
