Missões: mais pessoas, menos dinheiro

Assembleia anual do ANIMAG vincou mudanças no modelo de cooperação entre a Igreja de Portugal e comunidades cristãs mais recentes

Mais pessoas e menos dinheiro. Este é o novo modelo que os Animadores Missionários Ad Gentes (ANIMAG) querem conferir à cooperação com as Igrejas localizadas em territórios de missão, isto é, que estão a dar os primeiros passos no conhecimento de Cristo e na organização eclesial.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o Pe. Jerónimo Nunes considerou que “hoje, conseguir dinheiro é o mais fácil e o menos importante. É preciso activar a cooperação entre as Igrejas a nível de pessoas e ser capaz de se abrir ao envio de leigos, religiosos, padres e vocações missionárias”.

De ouvintes a mestres

Durante a assembleia anual do ANIMAG, que decorreu no Porto entre 17 e 20 de Novembro, foi também sublinhada a necessidade de alterar a concepção tradicional que atribuía às Igrejas mais antigas o papel de transmissoras e, às mais novas, a função de destinatárias não só da mensagem cristã, mas também da pedagogia e espiritualidade dos missionários evangelizadores.

Hoje, é possível e indispensável assumir o percurso inverso, ou seja, que as comunidades católicas mais velhas “aprendam com as jovens Igrejas o que é evangelizar”. Um exemplo deste diálogo será concretizado com a cooperação entre o ANIMAG e a «Missão 2010», que decorrerá na diocese do Porto durante o próximo ano.

“Tradicionalmente – explicou o missionário da Boa Nova – partimos do princípio que, em Portugal, o povo é cristão, pelo que só precisaríamos de insistir na abertura ao universal, num compromisso com outras Igrejas mais pobres e mais fracas. Hoje, este pressuposto é cada vez menos verdadeiro.”

Neste sentido, “temos que conjugar as duas coisas: inserirmo-nos na diocese, colaborando no trabalho de evangelização, e, ao mesmo tempo, dar a nossa contribuição de pessoas que viveram em comunidades cristãs jovens, com dinamismos e experiências diferentes, acentuando o valor da palavra de Deus, da comunidade e da partilha, que aqui [Portugal] são difíceis de encontrar, ajudando a nossa Igreja a enriquecer-se com essas dimensões”, referiu o Pe. Jerónimo Nunes.

Uma das vertentes que pode ser assumida com a aprendizagem da experiência evangelizadora das comunidades católicas mais recentes é o “ser capaz de sair para fora da igreja”.

Planos para 2010

Além da contribuição dos institutos missionários nas actividades da «Missão 2010», os cerca de 45 participantes reflectiram sobre as iniciativas a realizar em Outubro, “que é o mês da missão universal”. Os missionários procurarão comunicar “o testemunho do trabalho feito noutros continentes”, indicou o Pe. Jerónimo Nunes.

O presidente da Comissão Episcopal das Missões, D. António Couto, deu a conhecer o anteprojecto do documento sobre a participação da Igreja de Portugal na Missão. A assembleia, a que faltaram três dos 26 institutos inscritos no ANIMAG, contribuiu com algumas ideias para esse texto, que deverá ser assumido pelo episcopado.

“É importante para nós haver uma Comissão Episcopal a pensar como deve ser feito esse trabalho, que é uma responsabilidade dos institutos, mas que pertence sobretudo aos bispos”, declarou o Pe. Jerónimo Nunes.

Depois de referir que no Patriarcado de Lisboa e na região Centro “o ANIMAG está a trabalhar bem”, o religioso adiantou que no próximo ano haverá «semanas missionárias» nas dioceses de Aveiro e do Porto. “Sentimos necessidade de ir mais para o Norte. O trabalho em conjunto dos missionários tem que ser activado nas regiões do Douro Litoral, Minho e Trás-os-Montes”, observou.

O ANIMAG é um grupo que, dentro do IMAG (Institutos Missionários Ad Gentes), se dedica à animação missionária em Portugal. As duas entidades começaram a trabalhar juntos desde 1982. A eleição para coordenador deste Organismo está marcada para o próximo mês de Dezembro.

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Agência ECCLESIA

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