Forças ateisantes procuram neutralizar a influência da religião

Denuncia D. José Policarpo na Semana Social a decorrer em Aveiro, até Domingo, sobre a “construção do bem comum”.

Neste tempo da globalização, D. José Policarpo disse aos participantes da Semana Social que “nunca, como hoje, o bem das pessoas e dos grupos humanos dependeu tanto do bem de toda a humanidade”.

Numa conferência subordinada ao tema “Lugar da religião na edificação do «bem-comum»” o Patriarca de Lisboa realça que a expressão «Bem Comum» “ocuparam um lugar central e desenvolveram-se no âmbito da Doutrina Social da Igreja e adquiriram uma relevância tal que mereceram integrar o corpo doutrinal do Concílio e do Catecismo da Igreja Católica, como das grandes encíclicas sociais, a última das quais é a «Caritas in Veritate», de Bento XVI.

Com cerca de 400 pessoas, a Semana Social de 2009 está a decorrer em Aveiro, de 20 a 22 de Novembro, e tem como pano de fundo «A construção do Bem comum». Conceito que – na perspectiva de D. José Policarpo – “não se limita aos direitos, reconhecidos e respeitados, mas alarga-se sobretudo aos deveres do dom e da solidariedade de cada um para com o corpo social em que está inserido”.

Num dos capítulos da sua conferência – «Reconhecer o lugar de Deus na Cidade» -, o Patriarca de Lisboa sublinha que sempre “existiram diversas formas de ateísmo”. No entanto, “nunca tomaram, como hoje, o papel envolvente que parece influenciar definitivamente a construção da sociedade” – lamenta. E avança: “nunca, como hoje, as forças ateisantes, que se apresentam como defensoras da autonomia e da grandeza do homem, procuram neutralizar a influência da religião e dos crentes nos dinamismos construtores da sociedade”.

A educação é um contributo “decisivo para o bem-comum”, mas deverá “ser humanizante, levando a projectos pessoais e comunitários que realizem, em cada tempo, a perene grandeza do homem” – afirmou o conferencista. A Igreja tem um contributo real a dar à tarefa educativa. A sua prioridade é clara: “colaborar com a família na sua missão educativa”. “Fá-lo através das escolas que cria, através da catequese, dos movimentos juvenis. Mas talvez, no presente, este seu contributo para a educação deva passar por uma pastoral familiar global, que fortaleça e defenda a família no todo da sua realidade, não se limitando a colaborar com a família na especificidade da função educativa”.

A visão economicista do progresso “não garante, pode até comprometer, o completo desenvolvimento do homem”. É missão também das religiões explicitar e anunciar as exigências éticas dos principais intervenientes nos processos de desenvolvimento: “os Estados, as empresas, os grupos financeiros, os meios de comunicação, os agentes culturais”.

“Sem exigências éticas colectivamente claras e aceites, os processos de desenvolvimento podem acentuar egoísmos, não só das pessoas individuais, mas de grupos e de nações inteiras, que lesando gravemente a justiça, comprometem a paz e podem mesmo pôr em risco o equilíbrio do planeta Terra, casa comum da família humana” – salientou D. José Policarpo. E finaliza: “A questão ecológica não é, hoje, um «fait divers» dos «mass-media»; sobretudo na sua dimensão de «ecologia humana», tem de ser uma questão central da cultura.

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Agência ECCLESIA

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