Durante três dias, a Semana Social debaterá «A construção do bem Comum»
Um acto de pedagogia social. Foi assim que D. Carlos Azevedo, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social definiu a Semana Social 2009 subordinada ao tema «A Construção do Bem Comum». A decorrer de hoje a 22 de Novembro, na cidade de Aveiro, este encontro servirá também para “romper a indiferença e abater individualismo” porque todas as vezes que “as pessoas param para pensar” – neste caso com a ajuda de oradores – “desinstalam-se do seu egoísmo” – disse à Agência ECCLESIA D. Carlos Azevedo.
Este encontro será um “grande incentivo à inovação e à criatividade para ultrapassar o já feito e o já visto” – sublinhou. É responsabilidade da Pessoa, da Igreja e do Estado transformar “a argila humana, vulnerável e quebradiça, em pedras novas, de firme e sólida construção”. Ao engenho individual de cada um “urge juntar a solidariedade e a relação entre todos” – disse D. António Francisco Santos, bispo de Aveiro, na sessão de abertura.
Nesta Semana Social – com cerca de quatro centenas participantes – D. Carlos Azevedo sublinhou também que está “na hora da religião assumir um papel decisivo para um desenvolvimento integral do ser humano e por isso, na educação da liberdade, a questão de Deus não é de parede, mas de interioridade expressa em sinais, ritos e estilos de vida”.
Quando a cidade de Aveiro está no centro das atenções devido ao processo «Face Oculta», o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social realça que “há um sistema de corrupção que percorre todo o país”. E acentua: “Concentrarmo-nos na construção do Bem Comum será uma forma de optarmos pela transparência, honestidade, pela responsabilidade de todos e não pelos jogos de bastidores, escondidos, por negócios ocultos que são sempre prejudiciais para as populações e para o Bem Comum”.
O medo e a crise “não podem cercear rasgos de ousadia da caridade e horizontes de esperança para a humanidade” – frisou o Bispo de Aveiro. O Bem Comum não se pode “hipotecar a interesses transitórios de grupos ou a hábeis oportunismos de privilegiados” – acrescenta o prelado.
É hora para verificarmos “tanta corrupção oculta, minadora da cultura da honestidade e da competência, e encontrarmos modos para lhe resistir e lhe dar luta em virtude da defesa clara do bem comum” – disse D. Carlos Azevedo.
Na sessão de abertura, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social questiona: “Será mesmo o bem comum a nortear todas as instituições sócio-caritativas?”. Em resposta à Agência ECCLESIA disse que “notamos que por vezes as instituições sócio-caritativas da Igreja são um assunto de um pequeno grupo interessado e não expressão da comunidade”. E completa: são motivadas por incentivos, por ajudas europeias que vieram na altura ou então pela Segurança Social, mas depois de passadas essas ajudas e passado esse momento de namoro e de lua de mel essas instituições vêem-se a braços com gravíssimas dificuldades porque foram no engodo dessas promessas e facilidades.