Historiografia religiosa enriquecida

Duas publicações do Centro de Estudos de História Religiosa

Uma investigação histórica na “fronteira entre a história religiosa e a história cultural” que parte de um poema de Ruy Belo, datado de 1970 – disse à Agência ECCLESIA Jorge Revez, autor do livro «Os “Vencidos do Catolicismo” – militância e atitudes críticas (1958-1974)».

Editada pela Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da Universidade Católica Portuguesa, a obra centra-se no poema e na “interrogação que ele significa na sociedade daquele tempo” – realçou o historiador.

Na segunda metade do século XX “há uma grande pluralidade de posições”, em que conceitos como democracia, liberdade e ética começam a “surgir de uma forma muito forte”. Em primeiro, no “sentido de crítica” porque “estamos a falar de homens e mulheres que militaram na Igreja durante décadas”. A ideia de «vencidismo» vem do final do século XIX e transmite uma “certa desilusão face ao real”, mas, em simultâneo, uma “forte presença crítica” – afirma Jorge Revez.

Na apresentação da obra, no Centro Nacional da Cultura (CNC), Guilherme de Oliveira Martins começou por sublinhar que o Poema de Ruy Belo é “muito pouco conhecido”. Depois de declamar a «sinfonia das palavras» do poeta, o director do CNC frisou que este “não é um vencidismo de braços caídos”.

Um livro “aberto” onde “estão presentes um conjunto de interrogações”. E confessa: “a ideia deste livro acompanha-me desde a adolescência”. Dividida em três capítulos, «Os “vencidos do Catolicismo”» – “A militância católica no quadro da recristianização da sociedade portuguesa na década de 50”; “Os novos católicos da década de 60: humanismo, progressismo, vanguarda e crise” e “Os «vencidos do catolicismo»” – mostra que alguns cristãos começam a “criticar de uma forma mais severa entram num processo de desilusão”. E completa: “queriam uma sociedade diferente e uma Igreja que desse uma resposta diferente”.

Ao fazer referência à história do Centro Nacional de Cultura, Guilherme de Oliveira Martins esclarece que “nesta casa sentem-se as dores e as angústias que perpassam nesta obra” de Jorge Revez. E recorda três pessoas muito ligadas as CNC: “António de Alçada Baptista – personalidade de grande coragem -; João Bénard da Costa e Helena Vaz da Silva”.

Representações do Protestantismo

Da autoria de Rita Mendonça Leite foi também apresentada a obra «Representações do Protestantismo na Sociedade Portuguesa Contemporânea – da exclusão à liberdade de culto (1852-1911)». Com a chancela do Centro de Estudos de História Religiosa, a investigação nasce “da vontade de estudar como esta minoria, estas comunidades, tiveram um papel na construção da diferenciação religiosa no nosso país” – sublinhou à Agência ECCLESIA a autora.

Na história das representações e das mentalidades “é essencial combiná-la com a história política e da legislação em Portugal para compreender a construção da liberdade religiosa” – afirmou Rita Mendonça. As próximas investigações da autora irão abordar também a temática do Protestantismo. “Vou fazer um trabalho sobre a Sociedade Bíblica” – finalizou.

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