VI Fórum Nacional juntou mais de 250 participantes em Fátima
Fátima acolheu, nos dias 30 e 31 de Outubro, o VI Fórum Nacional das Vocações que juntou mais de 250 participantes. Nas conclusões da iniciativa, enviadas à Agência ECCLESIA, destaca-se a necessidade de adaptar a mensagem eclesial aos jovens de hoje.
“Precisamos de pôr em causa os nossos quadros mentais de educadores adultos, libertando-nos de prisões e reeducando-nos para sentir com e à maneira dos jovens”, pode ler-se.
Presentes no encontro estiveram Bispos, padres, religiosos, consagrados seculares e leigos, que reflectiram em conjunto sobre o tema proposto: “Ide e anunciai o Evangelho da Vocação”.
A mudança cultural é marcante na vida da sociedade, mas “a Igreja está atenta e consciente desta realidade” – disse à Agência ECCLESIA D. António Francisco Santos, Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios (CEVC), no encerramento do VI Fórum Nacional das Vocações.
“Os jovens são os grandes protagonistas e intervenientes nesta mudança” – realçou o prelado de Aveiro. E acentua: “no campo da vocação, os jovens devem ser os primeiros a serem ouvidos e acolhidos”.
Para o Pe. Jorge Madureira, secretário da CEVC, os jovens “ouvem o Evangelho”, mas “é necessário ajudá-los na descoberta deste chamamento da palavra”. Neste processo de auxílio, este padre da diocese do Porto reconhece que “não é uma questão de técnicas” mas “ajudá-los a encontrarem-se e a olharem no mais fundo de si próprio”.
Pelo baptismo, os jovens são membros de pleno direito da Igreja. “São elementos essenciais e imprescindíveis” – esclarece D. António Francisco Santos. Apesar deste papel que lhes é destinado, o presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios reconhece que, “por vezes, eles não têm o espaço e o tempo para serem escutados”.
Como “nunca está tudo feito, nem está tudo por fazer”, o bispo de Aveiro garante que “temos consciência da realidade em que vivemos e do trabalho imenso que tem sido feito”. Estabelecer complementaridade nas várias perspectivas pastorais “é uma riqueza”.
Apesar dos ruídos existentes na sociedade, o Pe. Jorge Madureira acredita na força “da semente que há em cada jovem”. E acrescenta: “essa ficará sempre como uma provocação”.
No documento conclusivo é referido que “os jovens de hoje transmitem-nos três mensagens: querem ser acolhidos e amados tal como são, denunciam que os excluímos e pomos em espera (de emprego, de casa, de família) e desejam que contemos com eles e os sintamos necessários”.
Os participantes convidam os responsáveis da Igreja Católica a “perder” tempo com os jovens, “conhecê-los, ouvi-los, crescer com eles, experimentar com eles”.
“Orientar para a vocação não é recrutar consagrados, é amadurecer pessoas cristãs”, alertam ainda os participantes.
“A vocação é sempre uma escolha livre, feita no amor e por amor. Uma opção vocacional, mesmo que expressa em votos, é sempre um exercício de liberdade – temos de a deixar perceber como tal”, referem as conclusões.
Com o aproximar da Semana dos Seminários (8 a 15 de Novembro), D. António Francisco Santos deixa um alerta sobre o mundo juvenil. “Os jovens terminam os cursos, aguardam o tempo de emprego e retardam a decisão para constituir um lar porque estão na expectativa daquilo que chega tarde”. A sociedade “não está muito atenta, nem tem o ritmo cultural” que os jovens sentem. E esclarece: “os seminários reflectem esta realidade”.
Após o encerramento deste Fórum, o presidente da CEVM está “convencido que surgirá uma nova sementeira vocacional”.
Repensar atitudes
A iniciativa teve como conferencista o Pe. Jose Luis Moral, sacerdote salesiano e professor da Pontifícia Universidade Salesiana em Roma, que propôs “repensar as atitudes dos educadores, sentir a realidade dos jovens e reconstruir com eles a fé e a vocação cristã”.
Ao fazer referência aos conteúdos do Pe. Moral, o secretário da CEVM sublinhou que este “ajudou-nos a repensar o modo de fazer pastoral, não apenas no sentido vocacional”. “Ajudou a desconstruir algumas bases sobre as quais, muitas vezes, apoiamos alguns aspectos da pastoral”.
Na catequese, os grandes intervenientes são as crianças, os adolescentes e os jovens. Os catecismos e os catequistas são elementos que os ajudam a crescer na fé. Os novos catecismos são “um contributo valiosíssimo que a Igreja propõe”. Todavia, a formação dos catequistas “é essencial” porque sem catequistas renovados e formados, os “textos novos seriam uma pequena parte em relação ao todo da catequese” – acentua o prelado.
Houve ainda espaço para dois painéis: representantes do Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações, Juventude e Ensino Superior da diocese de Viseu partilharam a sua experiência de que “Uma pastoral unitária não é uma estratégia, é um acto e um facto da Igreja”, tendo salientado a transversalidade de toda a pastoral e a necessidade de recorrer às novas linguagens e tecnologias.
Membros de Secretariados Diocesanos de Catequese, Juventude, Escolas Católicas e Ensino da Igreja nas Escolas apresentaram os seus pontos de vista e vivências sobre “A pastoral vocacional como acção educativa”, respondendo positivamente com as suas experiências à questão “Anunciar a fé como vocação, é possível?” e deixando perceber os vários contributos que podem dar na questão vocacional.