Início do Ano Pastoral na Diocese de Angra
A Diocese de Angra assinalou, no dia 4 de Outubro, o início do Ano Pastoral 2009/2010, sob o objectivo geral de “ Propor e transmitir a Fé na sociedade actual”, plano que cumpre o seu terceiro ano em prática.
De forma a lançar este objectivo a Diocese emitiu uma série de orientações Pastorais, contemplando um primeiro semestre (até 16 de Fevereiro de 2010) dedicado ao testemunho de uma vida entregue a Deus e um final de ano virado para o próximo, numa “caridade sem limites”.
A Diocese apela aos seus padres que este ano promovam eventos que levem o povo de Deus e a comunidade a rezar, meditar, festejar e prestar uma justa homenagem aos seus representantes.
Entre esses eventos são dados como exemplos a existência de um dia por semana para oração pelos sacerdotes e pelas vocações, a valorização da Semana dos Seminários e das Vocações e do Dia do Bom Pastor, o assinalar da data de ordenação sacerdotal de cada pároco, a celebração da festa de S. João Maria Vianney e dar a conhecer a vida de sacerdotes santos como é o caso do Padre João Baptista Machado, padroeiro da Diocese.
Em relação ao objectivo de uma sociedade mais justa e fraterna, as indicações para o novo Ano Pastoral centram-se na premissa que “a noção de que somos membros de uma única família humana afirmou-se de modo inequívoco, sob a forma de uma crise”, ressalvando, no entanto, que a globalização “ se bem orientada” apresenta um potencial muito rico na promoção do bem da humanidade.
Desta forma, nas orientações diocesanas da Pastoral 2009/2010 é defendido que a teoria neo-liberal padece de um erro antropológico grave, a que o comportamento humano se rege pelo interesse individual e que na busca desse próprio interesse nasce o bem comum, a que se acrescenta uma outra critica, a de pensar que esse objectivo é alcançável através do mercado.
Colocar as pessoas e não o dinheiro no centro da sociedade e da economia é o que defende a teoria diocesana, quer a nível empresarial quer para cada um de nós, o que implica “que definamos a nossa relação com a economia e a sociedade em função do que é verdadeiramente humano, rejeitando modelos materialistas de uma felicidade baseada apenas em bens materiais”.
A Igreja considera que a actual crise representa um desafio à sociedade confrontando-a com os seus próprios critérios de apoio e justiça, considerando que é tempo de progredir “decidida e seriamente” no sentido do discernimento, da justiça e da solidariedade.
Exaltar e fazer respeitar os direitos humanos universais, a justiça e a paz como valores da Humanidade é outra dos objectivos que a Diocese de Angra pretende sejam reforçados no novo Ano, quer pelo Estado, quer pela sociedade civil.
No actual contexto, pode ler-se nas orientações diocesanas, assume particular relevância o «destino universal dos bens da terra», segundo o qual, nas palavras do Concílio Vaticano II, “Deus destinou a terra e tudo o que nela existe ao uso de todos os homens e de todos os povos, de modo que os bens da criação afluam com equidade às mãos de todos, segundo a regra da justiça, inseparável da caridade”.
Estas orientações apontam no seu conjunto para uma nova construção da economia e da sociedade, perante uma crise com “carácter estrutural e alcance civilizacional”.
Medidas contra a crise
Perante o actual cenário, a Diocese entente que a acção da Igreja deve apontar para três áreas de acção, a de minimização dos estragos e acudir às situações mais graves, trabalhar para evitar que a crise se agrave e criar condições para que não se venha a repetir no futuro.
Neste contexto, a Diocese lança algumas ideias a nível nacional que entende, irão de encontro ao rumo de acção traçado.
Essas medidas passam pela criação por parte da Região ou do Estado de um fundo de emergência social de forma a acudir às carências sociais mais graves; conseguir da parte da banca maiores facilidades no acesso ao crédito por parte das empresas, especialmente em sectores de inovação tecnológica e de exportação, com maior relevância para a economia local; dar mais atenção ao desenvolvimento local, pois é aquele que permite identificar as necessidades das populações e a mobilização dos recursos materiais e humanos para as satisfazer; fomentar e apoiar a criação de empresas de economia social e o reforço de meios do chamado “terceiro sector” e incentivo a organizações comunitárias de base.