Segundo dia de viagem junta milhares de pessoas num dos países mais secularizados da Europa
Bento XVI visitou este Domingo na cidade checa de Brno, a segunda do país, onde deixou um apelo aos habitantes do país para que permaneçam “fiéis à sua vocação cristã e ao Evangelho, para construir em conjunto um futuro de solidariedade e de paz”.
Brno é a capital da região da Morávia e a segunda maior cidade do país. A sua população é de quase 370 mil habitantes.
Numa Missa celebrada junto do aeroporto Tufany, com a presença de mais de 100 mil fiéis – vindos também de países vizinhos como a Eslováquia, Polónia, Áustria e Alemanha – o Papa afirmou que a História mostra o “absurdo a que o homem pode chegar sempre que exclui Deus das suas opções”, numa alusão aos regimes totalitários da Europa Central e de Leste.
O Papa lamentou que “o ritmo da vida moderna” tenda a “apagar certos traços de um passado rico da fé”.
Neste contexto, defendeu que “é importante não perder de vista o ideal que os costumes tradicionais exprimiam e, sobretudo, manter o património espiritual herdado dos vossos ancestrais”, disse mais tarde Bento XVI, durante a recitação do Angelus, em que falou na importância de “responder aos desafios do tempo presente”.
Antes, a homilia papal centrou-se no tema da esperança, proposto pelo Bispo local e acolhido por Bento XVI, “pensando não só no povo deste caro país, mas também na Europa e em toda a humanidade, que tem sede de algo sobre o que apoiar solidamente o seu próprio futuro”.
Primeiro Papa a visitar Brno desde 1977, Bento XVI disse aos checos que “o vosso país, como outras nações, vive numa condição cultural que muitas vezes constitui um radical desafio para a fé e portanto também para a esperança”.
“De facto, na época moderna, tanto a fé como a esperança foram como que acantonadas, relegadas para o plano privado e ultraterreno, ao passo que na vida concreta e pública se afirmou a confiança no progresso científico e económico”, precisou.
O homem, considera o Papa, “tem necessidade de ser libertado das opressões materiais e, mais profundamente, dos males que afligem o espírito”, numa passagem da sua intervenção em que voltou a prestar homenagem a todos os que sofreram por causa da fé, chegando mesmo ao martírio.
No final da celebração, o Papa destacou que “a Morávia é terra rica de santuários marianos, que multidões de peregrinos visitam durante todo o ano”.
“Que Maria mantenha viva a fé de todos vós, a fé alimentada também por numerosas tradições populares que se radicam no passado, mas que vós justamente tendes o cuidado de conservar para que não diminua nas aldeias e cidades uma calorosa convivência familiar”, concluiu.