Importância e funções de um Gabinete de Imprensa nas instituições da Igreja Católica

«Sair do Templo» é o título de um livro de Bartolomeo Sorge. O autor insiste em que a Igreja é «comunhão» aberta. Viver de portas fechadas é uma atitude anti‑eclesial. Sair do Templo, comunicar com o mundo é fundamental para praticar a boa nova de Jesus. A Igreja não é um apartheid religioso, de costas voltadas para um mundo perigoso e adverso. É sinal de salvação, de paz e bem, para todos.

Queixamo‑nos que, com alguma frequência, a vida e acção da Igreja é mal trastada pela comunicação social: distorções da realidade, falsas interpretações, relevo dado a coisas negativas, quando há tantas boas notícias sobre a Igreja que podiam ser postas em destaque. Teremos toda a razão. Simplesmente um diagnóstico, por mais real e objectivo que seja, não cura um doente. É preciso passar a aplicação dos remédios convenientes.

Concretizando o movimento de abertura dialogante entre a Igreja e o mundo, impulsionado pelo Concílio Vaticano II, que as diversas Conferências Episcopais têm procurado aplicar, merecem especial relevo os Gabinetes de Imprensa. São pontes, com trânsito nos dois sentidos, entre as diversas instituições da Igreja e sobretudo com o mundo que as rodeia. Especifico algumas funções:

1. Fomentar uma relação, aberta e cordial, com os diversos meios de comunicação social. Estes são multiplicadores, sem fronteiras, de boas ou más notícias, objectivas ou tendenciosas. Cabe‑nos proporcionar a informação correcta. As boas relações e a cordialidade que devemos cultivar não são um presente que se reserva para quem pensa como nós. Quem mais precisa de receber este presente gratuito são os que discordam de nós ou até combatem a Igreja.

2. Ter um/a Porta‑voz que está disponível para responder às perguntas dos jornalistas e que toma a iniciativa de passar informações ou comunicados. Exige‑se de um/a Porta‑voz fidelidade criativa: estar em estreita relação com a pessoa/instituição que representa (Bispo, Secretariado, Superior, Director) e não em autogestão. Fidelidade criativa porque ultrapassa a fidelidade repetitiva, assumindo como própria a opinião de quem representa.

3. Facilitar a criação de opinião pública favorável à Igreja em geral e à concreta instituição que representa. Trata‑se de um marketing sério, regido pela verdade, mas pondo‑a sobre o candelabro, a fim de que seja conhecida. A opinião pública é como um rio formado por múltiplos afluentes. Importa não ser omisso, contribuindo as diversas instituições da Igreja, com a devida e atempada informação, para dar qualidade às águas do rio da opinião pública.

4. Organizar um serviço de recorte da imprensa («clipping»), recorrendo a uma firma especializada, ou por meio de um assessor que faz uma consulta das publicações impressas ou através da internet. Ter a imagem do que dizem da Igreja ajuda‑nos a intervir tempestivamente, oferecendo oportuna informação.

5. Um Gabinete de Imprensa não deve ser formado por uma só pessoa, por mais competente que seja. Só assim se poderá estar atento a diversas sensibilidades e mundividências. Deverá integrar alguém com formação específica em comunicação social. Um simples Manual de Funções ajudará a todos: o quê compete a quem? As programações e avaliações cíclicas (pelo menos, anuais) devem ser regra do seu bom funcionamento.

6. Vivemos na era da comunicação global e instantânea. Tudo está perto de todos e ao mesmo tempo. As notícias não têm horários nem enviam pré‑avisos. Não conhecem férias nem greves… Concretamente: um Gabinete de Imprensa exige uma certa rapidez ou urgência em dar as notícias, em propor opiniões que oferecem critérios de leitura dos acontecimentos, em apresentar pareceres de peritos. As notícias servem‑se a quente.

7. Organização de ficheiros competentes: – assinantes dos nossos serviços noticiosos ou press release; – especialistas em diversos ramos do saber, a quem possamos solicitar colaborações; instituições similares que são fontes de informação; agenda de acontecimentos…

Uma última observação. Não esperar por ter todas as condições ideais para iniciar um Gabinete de Imprensa. O caminho faz‑se caminhando. Começar com o que for possível, embora faltem diversos meios técnicos e uma equipa estável e completa. O bom exemplo da Agência Ecclesia (o que foi e o que felizmente já é) pode ser estímulo para começar e melhorar sempre.

Manuel Morujão

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