Valorizar a identidade sacerdotal

Trabalhos do Simpósio do Clero, em Fátima

Um encontro “interpelativo” e “que nos ajudará a aprofundar algumas questões que poderão estar recalcadas dentro de nós ” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. António Ribeiro, pároco em Alcanena. A trabalhar há oito anos naquela zona pastoral da diocese de Santarém, o Pe. António Ribeiro realça que “cada padre é um mundo” porque “somos todos diferentes”.

Depois de muitos anos de trabalho pastoral “muitos padres ficam desmotivados quando vêem as igrejas vazias e a indiferença de algumas pessoas” – frisou o sacerdote de Santarém. Esse desencanto verbaliza-se num “certo azedume, pessimismo e transmissão de imagens negativas” – sublinha. Como perderam a esperança “dificilmente a conseguem transmitir aos cristãos”.

«Reaviva o dom que há em ti» é o tema do VI Simpósio do Clero de Portugal a decorrer em Fátima até dia 4 de Setembro. O Pe. Jorge Duarte, da paróquia de Mafamude, é um dos participantes deste encontro que reúne várias centenas de padres de Portugal. Em declarações à Agência ECCLESIA, este sacerdote da diocese do Porto destaca três grandes razões para a importância desta iniciativa: “experiência de comunhão – independentemente do que se ouve e reflecte -, o facto de estarmos juntos é extremamente motivador; oportunidade de ouvirmos alguns mestres de espiritualidade que transmitem conteúdos que normalmente não teríamos acesso e que nos ajudam a parar na agitação do dia à dia e, por último, o convite a reflectirmos não tanto naquilo que fazemos, mas naquilo que somos”.

Actualmente, alguns padres “têm uma vida agitada” porque com a diminuição do clero “isso torna-se mais evidente” – confessa o Pe. Jorge Duarte. E completa a sua afirmação: “temos a tentação de continuar a querer fazer tudo com menos gente”. Com este estilo de vida, o desgaste é “frequente” e “corremos também o risco de cair na rotina”. A valorização da identidade é fundamental porque “estamos habituados a valorizar mais a utilidade de cada um”.

Ao analisar a tão badalada crise vocacional, o Pe. António Ribeiro refere que as realidades culturais na Europa e nos outros continentes “são diametralmente opostas”. A forma de vida no continente europeu não ajuda na descoberta de novas vocações sacerdotais. “Através de apelos e do testemunho temos que transformar esta realidade” – disse.

A paróquia de Alcanena não tem nenhum seminarista. “Não digo que é frustrante, mas é desencantador a não existência de vocações na minha paróquia”. E explica as razões: “a taxa de natalidade é baixa e as famílias estão voltadas para outras realidades”. As crianças e os jovens têm uma panóplia de actividades que “são nossos «concorrentes» directos” – lamenta o sacerdote da diocese de Santarém.

Com ar satisfeito, o Pe. Jorge Duarte conta que a paróquia de Mafamude tem dois seminaristas e “temos também uma pessoa adulta que coloca a hipótese de ingressar no Pré-Seminário”. Neste processo de descoberta vocacional, o padre do Porto salienta que “não há técnicas ou marketing vocacional”. E completa: “o padre tem um papel importante – é a primeira imagem -, mas estas coisas passam pela Igreja no seu todo”.

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