A Companhia de Jesus está “profundamente decepcionada” com a sentença relativa ao assassinato de dois dos seus padres. O equatoriano Víctor Betancourt, de 42 anos, e o russo Otto Messmer, de 46, foram encontrados mortos com golpes na cabeça, no final de Outubro do ano passado. Os cadáveres estavam num apartamento pertencente aos Jesuítas, em Moscovo. No momento da descoberta dos corpos, as portas da casa estavam abertas e não faltavam objectos de valor.
A decisão, proferida a 25 de Agosto, condenou Mikhail Orekhov a 14 anos de prisão, pelo homicídio do padre Víctor. O réu foi absolvido da acusação de assassinato do padre Otto, que ao regressar de uma viagem ao estrangeiro descobriu o cadáver do outro sacerdote.
O suspeito confessou as duas mortes durante a investigação preliminar, mas mudou a sua versão dos factos no decorrer do processo, alegando que o duplo homicídio foi cometido por um desconhecido. De acordo com o sistema judicial russo, o julgamento realizou-se com um júri popular, a pedido do acusado.
Em comunicado, os Jesuítas reconheceram que “o julgamento foi realizado de maneira séria e profissional e deu a ambas partes a oportunidade de expressar as suas opiniões, fazer perguntas e apresentar as suas provas”. “As versões ambíguas do acusado sobre os motivos e circunstâncias da morte do padre Víctor Betancourt – continua a nota – foram adequadamente avaliadas pelo júri.”
No entanto, “o facto de os seus membros não terem reconhecido a culpabilidade de Mikhail Orekhov no assassinato do padre Otto Messmer, sugere que as provas reunidas durante a investigação não foram suficientemente convincentes. Fica, portanto, a dúvida sobre as provas reconhecidas e sobre a admissão de culpabilidade do acusado durante a investigação preliminar”.
Os Jesuítas da região russa e do mundo estão “convencidos de que não se fez justiça. Juntamente com os seus advogados, estão a pensar em possíveis acções a ser empreendidas para chegar a um posterior esclarecimento do caso”.
Ao mesmo tempo, os membros da Companhia de Jesus agradeceram a quem lhes tem manifestado solidariedade e apoio na busca de justiça.
O Pe. Víctor Betancourt entrou nos Jesuítas em 1984; chegou à Rússia em 2001, tendo-se dedicado à preparação dos aspirantes que pretendiam ser admitidos; era, desde 2002, o representante no Instituto de Filosofia, Teologia e História de São Tomás, localizado na capital russa. O Pe. Otto Messmer ingressou na Companhia em 1982. Ambos prestavam apoio pastoral na Igreja de São Luís, em Moscovo.
Com Zenit
Fotos: Pe. Otto Messmer, prédio onde os corpos foram descobertos e Pe. Victor Betancourt