Ecumenismo: Pergunta «o que procuras?» inspira propostas do prior da Comunidade de Taizé para 2026

Irmão Matthew sugere «o silêncio, a alegria; um sentido; um mundo justo», a comunidade e a paz

Foto: Taizé

Taizé, França, 30 dez 2025 (Ecclesia) – O prior da Comunidade Ecuménica de Taizé (França) escreveu a ‘Carta 2026’ a partir da pergunta ‘O que procuras?’, inspirado nas primeiras palavras de Jesus no Evangelho de João, que partilhou com seis jovens voluntários, de países diferentes de quatro continentes.

“Muitas pessoas buscam sentido para as suas vidas. Andam à procura de algo maior do que as promessas fáceis que tantas vezes enchem os nossos ecrãs. Não terão os seres humanos sido criados para um verdadeiro propósito? O que nos pode levar a descobri-lo?”, começa por escrever o irmão Matthew, no documento publicado online.

O prior da comunidade monástica ecuménica explica que receberam jovens da Ucrânia, da Palestina, do Líbano, da Nicarágua, do Myanmar “e de outros lugares onde a guerra e o conflito são uma realidade quotidiana”, ao longo do último ano, em Taizé.

“A sua fé e o seu anseio por uma paz justa e duradoura foram para nós uma inspiração. Também ouvimos testemunhos de pessoas que trabalham em Gaza ou que têm lá família. Vemos a dor daqueles cujas pessoas queridas foram feitas reféns e escutamos o clamor dos que procuram justiça sob regimes opressivos”, acrescentou o responsável religioso, que visitou monges que vivem em ‘pequenas fraternidades’ no Brasil e em Cuba.

Segundo o irmão Matthew, em muitos lugares, as pessoas perguntam: ‘como posso usar a liberdade que me foi dada para expressar solidariedade para com os que sofrem?’, procuram modos de “tornar real o seu desejo de amar e cuidar”, dando sentido à vida através da ajuda e do serviço, num mundo com “tanta beleza, mas tanta injustiça”.

O prior da Comunidade Ecuménica de Taizé (França) explica que a sua ‘Carta 2026’ inspira-se nas respostas de seis jovens voluntários, de seis países diferentes em quatro continentes, à pergunta “O que procurais?”, as primeiras palavras de Jesus no Evangelho de João.

O irmão Matthew apresenta, e desenvolve, sete propostas: ‘o silêncio; a alegria; um sentido; um mundo justo; procurar comunidade; procurar a paz’.

“O silêncio torna possível um verdadeiro discernimento. Quando procuramos que direção seguir, o silêncio permite escutar o que há de mais profundo em nós. Precisamos também de uma liberdade interior que nos permita fazer uma escolha responsável. Essa liberdade implica aceitar os nossos limites, mas sem medo: o medo nunca é bom conselheiro e Deus nunca força o nosso coração.”

Foto: Tamino Petelinsek/Taizé

Em ‘procurar um mundo justo’, o líder religioso convida cada um a sair das suas “caixas”, alerta para o risco de se tornarem “prisioneiros dos próprios algoritmos”, e de serem “apanhados na polarização que ameaça as sociedades”.

“A injustiça – seja a devastação ecológica, as desigualdades, a violência, a opressão ou a guerra – desperta toda uma gama de emoções: indignação, raiva, tristeza, por vezes desespero. Mas, quando decidimos combatê-la justamente, não haverá o perigo de ficarmos tão encerrados nas nossas próprias opiniões que deixamos de ver para lá delas?”, desenvolveu.

O prior de Taizé explica que comunidade se faz “com os outros, com a criação, com Deus”, e que na Igreja são chamados “a estar ao lado dos que sofrem e das vítimas da injustiça”, enquanto a paz é algo a que as pessoas aspiram, “a paz interior e a paz neste mundo que Deus tanto ama”, por isso, participam na própria vida de Deus quando ajudam “outros a descobrir a liberdade e a paz”, quando ajudam a “derrubar barreiras de hostilidade ou os muros que os cercam”.

O que procuras?’, a ‘Carta 2026’, do irmão Matthew está publicada na página da comunidade ecuménica na internet, e pode ser lida em 24 línguas.

A Comunidade Ecuménica de Taizé, a 360 quilómetros de Paris, congrega monges de várias Igrejas Cristãs de mais de 30 países, incluindo Portugal, foi fundada a 20 de agosto de 1940, por Roger Schutz, pastor protestante suíço, para acolher perseguidos políticos, judeus e, mais tarde, prisioneiros alemães.

Os monges estão a realizar o tradicional Encontro Europeu de Jovens de final de ano, a 48.ª edição da peregrinação sobre a terra decorre em Paris e na região da Île-de-France, entre 28 de dezembro de 2025 e 1 de janeiro de 2026.

CB/OC

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