Homilia de D. Manuel Linda foi uma carta ao Menino Jesus

Porto, 26 dez 2025 (Ecclesia) – O bispo do Porto afirmou que no “presépio, de algum modo, está representada a vida do mundo”, na homilia da Missa do Dia de Natal, onde alertou para a carência que existe nas pessoas que precisam “muito de ternura”.
“Nós precisamos muito de ternura. Somos tão carentes! Andamos sempre agitados, à procura de algo que nem sabemos bem de quê. Mas, lá no fundo dos nossos desassossegos, o que procuramos é ternura. Nós e a sociedade em geral”, disse D. Manuel Linda, na Sé, citado pelo jornal diocesano ‘Voz Portucalense’.
“Carecemos de mãos que afaguem, sorrisos que nunca mais se esqueçam, carícias que nos marquem, palavras doces, beijos de casais, olhos que fixem os olhos dos outros, flores em vez de palavreado, música que empolgue corações, convites para passeios, refeições conjuntas, esquecimento das redes sociais para que os ouvidos possam escutar as vozes das pessoas.”
Segundo o bispo do Porto, precisam de “menos tempo de ecrã” e de mais convívio com os outros e com a natureza, precisam “desesperadamente disso”: “Precisamos de ternura”.
Na homilia, em modo de carta ao Menino Jesus, o bispo do Porto afirmou que sentem “uma enorme ternura” por ele que se fez “tão próximo” que até nasceu “numa casa sem portas”, para poder ver e ouvir o seu “ser de amor”: “Brincaste connosco, riste connosco, choraste connosco, caminhaste connosco, comeste e bebeste connosco, morreste como nós e connosco, ressuscitaste como havemos de ressuscitar, e prometeste-nos a vida em plenitude porque queres estar sempre connosco e que nós estejamos contigo”.
“Gostamos tanto do presépio onde os galos cantam, as lavadeiras lavam, os agricultores labutam, as águas límpidas correm, as azenhas rodam, os fornos de cozer o pão estão acesos, os animais são simpáticos, os pastores e magos sentem-se atraídos por ti, a Virgem Maria e São José vivem um enlevo cativante e Tu possuis um tal sorriso do qual não nos conseguimos afastar. Porque é um sorriso de ternura”, desenvolveu.

D. Manuel Linda disse ao Menino Jesus que no presépio, “de algum modo, está representada a vida do mundo”, e é a esse mundo, “com as suas alegrias e esperanças, dores e angústias”, que querem “levar a ternura” em que Jesus envolve, a começar pela família, depois, “alargar a ternura às relações sociais”, ao âmbito do trabalho e da empresa, aos conhecidos e aos migrantes, “às crianças e aos sós, aos doentes e seus cuidadores, aos velhinhos e a quantos lhes fazem companhia”.
“Queremos intentar uma verdadeira revolução da ternura que resolva os conflitos pelo diálogo e pela inteligência e nunca mais se pense na guerra e nas armas”, concluiu D. Manuel Linda, na sua homilia do Dia de Natal, citado pelo jornal diocesano ‘Voz Portucalense’.
CB
