Natal: Bispo de Angra apela «ao acolhimento e espírito cristão para com os imigrantes»

D. Armando Esteves Domingues contestou a difusão de «ideologias radicais que não jogam com a mensagem de Belém», na Noite de Natal

Foto: Igreja Açores

Angra do Heroísmo, Açores, 25 nov 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra (Açores) associou-se esta noite, na Sé da cidade, às “repetidas intervenções do Papa e da Igreja em Portugal” e apelou “ao respeito absoluto dos direitos humanos, ao acolhimento e espírito cristão para com os imigrantes”.

“Esta semana encontrei dois que trabalham nesta nossa cidade. Trocámos telefone e promessas de um café no Ano Novo. Façamo-los sentir em casa como fazemos com Jesus, o migrante por excelência”, pediu D. Armando Esteves Domingues, na homilia da Missa da Noite de Natal.

O bispo recordou o caso de um padre americano que ao fazer o presépio, este ano, “retirou as imagens de Jesus, Maria e José, escrevendo num cartaz que tinham lá ido expulsar os imigrantes”.

“De facto, também eles foram emigrantes no Egito”, reconheceu.

D. Armando Esteves Domingues desejou que Cristo, o centro visível do Natal dos cristãos, faça toda a diferença.

Não podemos permitir que se fale de novo em homens e mulheres de primeira e de segunda, que se espalhem ideologias radicais que não jogam com a mensagem de Belém, onde acorrem pastores e reis, do Oriente e do Ocidente, todos para adorar o Deus Menino, independentemente das origens, sexo ou fé”, defendeu.

Na homilia, o bispo de Angra fez referência às marcas do consumismo presentes em muitas casas, “de um consumismo que se apodera pouco a pouco do Natal e abafa Jesus, um consumismo que vende natais de barriga cheia e utopias embrulhadas em bonitos laços que fazem esquecer as questões da vida que carecem de sentido”.

“Jesus não vem embrulhado nem é provisório, nem quer ser apenas para quando faz falta. Também entre nós se corre o risco de ouvir que “não há lugar para Ele” como na noite do seu nascimento em Belém. Não deixemos”, exortou.

D. Armando Esteves Domingues destacou que “há lugares onde verdadeiramente se esperou e se festeja Jesus como o sonho de paz duradoira e justa onde manda a divisão e o ódio que a guerra sempre gera”.

O bispo aludiu ao Natal em Gaza, onde apesar da guerra e do luto que impõem sobriedade, se construíram “presépios e árvores de Natal não para adornar, mas para tornar Jesus mais ‘visível’”.

“Afirmava o pároco da Paróquia da Sagrada Família: ‘Cada pessoa que vem à igreja pendura uma decoração na árvore com uma intenção de oração: pela paz, pela família, pelas vocações, pelo perdão e, acima de tudo, pelo fim desta guerra’. Estes têm necessidade de Jesus e têm lugar para Ele”, recordou.

D. Armando Esteves Domingues lembrou também “todos os que inventaram festas de Natal para aquecer os corações e proporcionar momentos de alegria e esperança nos lugares de mais sofrimento e solidão: nas muitas Instituições Sociais por toda” a diocese, “nos hospitais, nos lugares de acolhimento dos ‘sem abrigo’, nos estabelecimentos prisionais”.

“Mas são igualmente belas as mãos de pais e mães que preparam os mimos natalícios para os membros mais novos ou mais velhos da família. Quanto amor à solta! É também um tempo de dificuldades, mas os tempos serão bons se nós formos bons, se soubermos optar pelo bem que faz bem aos outros, sobretudo a quem mais sofre”, destacou.

Evocando a mensagem que escreveu para este Natal, o bispo de Angra deixou também uma palavra aos casais jovens que, “acolhendo e promovendo generosamente a vida, são testemunhas vivas de fé e compromisso cristão” e pediu a Deus que lhes “dê as condições necessárias para gerar e educar na fé os seus filhos”.

No final da homilia, o bispo incentivou todos a alegrarem-se, uma vez que o “Príncipe da Paz mora com todos e partilha a mesma carne e história.

“A paz pode continuar a ser um sonho, mas, sem sonho, não se alimenta a vida e não há futuro!”, assegurou.

LJ

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