Guarda: «Sem o Natal, apenas com a razão que julga ocupar o lugar de Deus, deixa de haver onde nos enraizarmos», afirma D. José Pereira

Bispo diocesano presidiu à Eucaristia e exortou a colocar o foco no «Menino recém-nascido, Cristo Senhor, Salvador»

Foto: Jornal ‘A Guarda’

Guarda, 25 nov 2025 (Ecclesia) – D. José Pereira presidiu hoje, na sé da cidade, à primeira Missa da noite de Natal enquanto bispo da Guarda e referiu-se à substituição de Deus pela razão, convidando a regressar ao Natal de Jesus.

“Sem Deus sobrenatural e absoluto, sem Deus entre nós, sem o Natal, apenas com a razão que julga ocupar o lugar de Deus, deixa de haver onde nos enraizarmos. Ficamos entregues às nossas potencialidades e às nossas contradições. E é a própria razão que fica à mercê das conjunturas e perde a força que julgava ter”, afirmou o responsável católico.

Na homilia em que aludiu à “regressão da compreensão da vivência do Natal cristão” e à troca da fé teologal pela razão teísta, o bispo da Guarda considerou que o “advento da razão científica e tecnológica” alterou o modo de todos se olharem no mundo, como humanidade, na relação do divino.

“De facto, substituindo Deus pela razão e fundando nesta toda a visão acerca do Homem e do mundo, assentando nela a organização social e os pilares da liberdade, igualdade e fraternidade, perdeu-se a fonte absoluta, perene e invencível, da paz sem fim”, referiu.

Segundo D. José Pereira, “a ausência efetiva de paz já não é apenas fruto da contradição que provém” de cada um não se enraizar no Menino em que acredita.

“A fraternidade, a igualdade e a liberdade, o sentido da existência e o cuidado solidário para com os outros e o mundo já não assentam na comum filiação de todos recebida do Filho que nos foi dado como irmão de um mesmo e único Pai, realidade absoluta e perene”, indicou.

“Assentam antes naquilo que a razão estabelece como fator válido para tal, realidade mutável e exposta aos antes referidos conflitos de interesses, diferença disruptiva, suspeições, insinuações, divisões e afins, e sujeita a maiorias conjunturais e relativas”, acrescentou o bispo.

Foto: Jornal ‘A Guarda’

D. José Pereira considera que “a paz fica reduzida à dissuasão de atacar por medo da força do adversário”, mas “se a perceção é a de que o outro é mais fraco, fica o campo livre para a expansão dos interesses do mais forte”.

“Urge, pois, regressarmos à filiação que o Natal inaugura e oferece”, salientou.

O bispo da Guarda exortou a colocar o foco no Menino recém-nascido, Cristo Senhor, Salvador, “que se apresenta não apenas na fragilidade de um bebé, mas também na pobreza”.

“Reparemos bem: a pobreza não é aqui a carência”, disse D. José Pereira, acrescentando que é antes “abertura para a riqueza: a pequena povoação é o lugar para o crescimento do cuidado solícito do Bom Pastor; a veste simples e parca é o sinal que anuncia o início da nova criação”.

“A alegria anunciada pelos anjos emerge como o fruto do Natal. Retomemos, cristãos, o Natal de Jesus. Ofereçamos ao mundo o Natal de Jesus. E Jesus será para cada um e para o mundo uma paz sem fim, uma grande alegria”, concluiu.

LJ/PR

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