Padre Adelino Ascenso explica que consagrados e as consagradas «devem ser poetas e artistas» a apontar «para o invisível, para o impossível»

Lisboa, XPTO dez 2025 (Ecclesia) – O presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) afirmou que o apelo à reconciliação e à paz foi conseguido no Jubileu dos Artistas, iniciativa nacional do Ano Santo 2025, mas esses objetivos “continuam a muitos quilómetros”.
“Naturalmente, que a reconciliação e a paz continuam muitos quilómetros adiante. Dá a sensação, por vezes, que os senhores da guerra tenham ouvidos moucos, mas são os senhores da guerra, são os lobistas da guerra, das armas, etc. Mas mesmo que sejam uma gota d’água, é importante”, disse o padre Adelino Ascenso, em entrevista à Agência ECCLESIA sobre o Ano Santo 2025.
O presidente da direção da CIRP, missionário da Boa Nova, explicou que é importante que exista a consciência que os consagrados e as consagradas estão atentos “às tragédias no mundo”, e não ficam parados, “de braços cruzados, apáticos, porque isso seria terrível”.
“Nós estávamos a passar uma fase, ainda continuamos, de um mundo estilhaçado, com muitas guerras, com muitas atrocidades abomináveis que nos chegavam todos os dias, ou a toda hora, através dos meios de comunicação social. Agora também nos chegam de uma forma não tão contundente, mas nós pensámos que não podíamos ficar de braços cruzados, porque somos sensíveis, e temos algo a dizer”, desenvolveu o padre Adelino Ascenso.
A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal promoveu o ‘Jubileu dos Artistas’ do Ano Santo 2025, com o intuito de apelar à reconciliação e à paz, através da pintura, “um método de expressão daquilo que corroía no interior, que ruía o coração”, no dia 28 de junho, no Santuário de Fátima, no exterior da Basílica da Santíssima Trindade.
O padre Adelino Ascenso afirma que os consagrados e as consagradas, têm que ter “no seu coração, na sua mente, no seu espírito”, o poeta e o artista.
“Devem ser poetas e artistas, devem apontar para o invisível, devem apontar para o impossível, para aquilo que está para além do palpável. E isso tem muito a ver naturalmente com o artista e com o poeta, que aponta sempre para mais além. Aliás, o poeta e o artista são aqueles que veem algo que nós não vemos, nós, o comum dos mortais”, acrescentou.
No ‘Jubileu dos Artistas’ da CIRP, “um lugar e um dia de oração”, os consagrados encontraram cinco dípticos (com dois metros de largura e um metro e meio de altura), cada um conduzido por um subtema – ‘Transfiguração’, ‘Novos samaritanos’, ‘Efeito pilatos’, ‘O fim dos tempos’ e ‘Tribulações como lugar de manifestação do divino’ – e, “em silêncio”, pintaram concentrados nos subtemas, interiorizaram a mensagem de cada um, e “transmitiam para a tela aquilo que eram os seus sentimentos mais profundos”.
Segundo o presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal o “acolhimento foi muito bom”, participaram cerca de 40 consagrados e consagradas, e para evitar o “acanhamento inicial, porque é muito difícil a pessoa estar diante de uma tela”, contaram com a participação do pintor e escultor Abílio Febra.
“Nós, no início, sujámos as telas. Eu passei, dei o primeiro toque, e depois o Abílio Febra deu o segundo toque, e a tela ficou pronta para ser continuada”, contextualizou o entrevistado, missionário da Boa Nova.
“A receção foi muito boa, as pessoas gostaram muito de participar, e, uma coisa curiosa, quando se pediu que entrasse num ambiente de oração e que conservasse o silêncio: durante todo o dia, as pessoas que pintavam mantinham-se em silêncio, houve uma atmosfera de oração, de interiorização, e realmente de apelo à paz.”
A Igreja Católica está a celebrar o Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da história, por iniciativa do Papa Francisco, que o dedicou ao tema da esperança, e que está a ser continuado no pontificado de Leão XIV, que vai presidir ao encerramento deste ano jubilar, no dia 6 de janeiro de 2026.
PR/CB








