Arcebispo de Évora afirma que diocese está a desenvolver «dinamismos de experiência para aplicar e para constituir realidade» porque «não basta ficar pelos encontros de Fátima»

Évora, 26 dez 2025 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora disse existir um “deficit” de sinodalidade, que a Igreja em Portugal está a aplicar-se mas que não basta ficar “pelos encontros de Fátima”, ou não haverá “sinodalidade vivida e convivida nas dioceses”.
“Sermos capazes de descobrir a vontade de Deus, escutar-nos nas experiências diversas de eclesialidade é algo que estamos a aprender a fazer e são iniciativas que a Conferência Episcopal Portuguesa tem proposto, que a Santa Sé propõe aos países e aos continentes, que nós assumimos como aprendizagem. Mas se nós ficarmos nos encontros de Fátima, não haverá, de facto, sinodalidade vivida e convivida nas dioceses. A sinodalidade é uma vivência que, para ser apreendida precisa de uma metodologia, precisa de reuniões. Mas não é pelo número de reuniões, mas antes pela aplicação das reuniões”, explica à Agência ECCLESIA D. Francisco Senra Coelho.
O responsável reconhece ainda “atitudes que pretendem impor pontos de vista pessoais” e indica que a sinodalidade não corresponde a um “parlamentarismo eclesial”, ou, “pior ainda, eclesiástico”.
“Tendências de poder, influências, arbitrariedades, forças, muitas vezes, teológicas convertidas em formas ideológicas de ação, acontecem. E sabemos que a história da Igreja é prova de sinodalidade, porque a Igreja nunca teve a monarquia papal, no sentido dinástico. Houve sempre conclaves, ainda que manipulados. A Igreja elegeu os seus superiores maiores e teve sempre a experiência de reunir os capítulos, teve sempre sínodos, teve sempre experiências de encontros locais”, traduz.

O arcebispo de Évora indica o “clericalismo” como a “degradação máxima” da Igreja e afirma que a diocese está a desenvolver “dinamismos de experiência para aplicar e para constituir realidade”.
“Sermos capazes de fazer da sinodalidade a descoberta da vontade de Deus, a partir dos sinais dos tempos: escutar, ouvir nas experiências diversas de eclesialidade, é alguma coisa que estamos aprendendo a fazer”, sublinha.
O arcebispo assegura que na diocese “respira-se sinodalidade”.
A Conferência Episcopal Portuguesa marcou para 10 de janeiro de 2026 o II Encontro Sinodal Nacional.
A entrevista ao arcebispo de Évora vai estar em destaque no programa Ecclesia transmitido na Antena 1, às 06h00 deste sábado, 27 de dezembro.
PR/LS
