Migrantes não são um problema

Peregrinação Internacional em Fátima marcada pela presença de milhares de fiéis

Milhares de peregrinos reuniram-se esta Quinta-feira em Fátima para a Peregrinação Internacional do Migrante, presidida por D. Alessandro Ruffinoni, responsável pela pastoral dos brasileiros no estrangeiro, que por várias vezes criticou as “patrulhas” e leis que procuram limitar os direitos dos migrantes.

“Não me perguntem quantos idiomas eu falo, porque para o migrante, há apenas dois idiomas. O idioma de Caim e o de Abel. O de Caim é o do ódio, da inveja, da humilhação, do engano, do aproveitamento, da esperteza, da prisão, da deportação, das patrulhas, das rondas… Já o idioma de Abel é o do amor, do acolhimento, da solidariedade, do perdão e da fraternidade, da amnistia”, indicou.

Na sua homilia, o Bispo auxiliar de Porto Alegre defendeu que “o migrante nunca pode ser considerado como um problema, nem pela Igreja, nem pelo Estado que o acolhe, e sim uma riqueza de grande valor de que devemos agradecer a Deus”.

“A Igreja é mãe e como mãe acolhe a todos e aceita todas as etnias”, assegurou.

A Peregrinação anual dos migrantes tem este ano como tema “Viver o Amor Fraterno sem Distinções nem Discriminações”. A iniciativa está integrada no programa da 37ª Semana Nacional das Migrações, numa organização da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana/Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM).

[[a,d,479,D. Alessandro Ruffinoni]]D. Ruffinoni, de origem italiana, disse que é “intenso e profundo pensar num mundo sem fronteiras, sem a palavra estrangeiro, pois esta é uma palavra triste, fria, uma palavra que separa e divide”.

Segundo este responsável, convidado pela Igreja em Portugal para lembrar a importância da comunidade brasileira – a maior entre os estrangeiros no nosso país – afirmou que “não importa se sou italiano, português, brasileiro, americano, chinês ou japonês. Aquilo que é realmente importante é que somos todos feitos a imagem e semelhança de Deus”.

A Igreja como demonstração de amor e carinho, quer dizer aos seus filhos e filhas que reconhece a trajectória de cada um; que não os esqueceu, apesar de estarem longe, dispersos pelo mundo inteiro; que os acompanha com a sua prece, para que não se cansem e não desanimem na busca de uma vida melhor”, frisou.

[[v,d,482,Peregrinação dos migrantes ao Santuário de Fátima]]O responsável pela Pastoral dos brasileiros no estrangeiro agradeceu o trabalho de “todos os migrantes do mundo”. “Em viagens ao Japão e aos Estados Unidos constatei como a presença dos migrantes é uma forte contribuição para o crescimento de valores cristãos e humanos entre as pessoas”, relatou.

“Feliz daquele povo que sabe acolher e abrir a porta ao migrante, porque encontrará mais paz e alegria”, apontou.

Depois de citar a reflexão de Bento XVI, na sua Encíclica Caritas in Veritate, sobre o fenómeno das migrações na contemporaneidade, D. Alessandro Ruffinoni considerou que a Igreja “deve dar o exemplo para um melhor acolhimento dos migrantes, ajudando os fiéis a superar preconceitos”.

Na conclusão da sua intervenção, o Bispo deixou uma palavra especial aos “migrantes Brasileiros presentes nesta peregrinação e que encontraram, nesta nação, acolhimento e trabalho”, asseguranto que a Igreja no Brasil está “orgulhosa de todos vocês, pela sua fé, pelo trabalho e pelo espírito de alegria que contagia todos”.

“Queremos dialogar e pedir encarecidamente aos nossos irmãos bispos e sacerdotes, que agora são os seus pastores, para que façam o possível, para que não lhes falte acompanhamento espiritual e o apoio fraterno”, acrescentou.

Inscreveram-se no Serviço de Peregrinos do Santuário de Fátima como participantes na Eucaristia internacional do dia 13 48 grupos de peregrinos, incluindo o grupo da Peregrinação do Migrante e do Refugiado. São grupos oriundos de 14 países diferentes.

Até às 10h00 de hoje, 211 peregrinos tinham sido atendidos no Posto de Socorros do Santuário e 624 no Lava-pés.

[[a,d,480,D. António Marto]]No final da celebração, D. António Marto saudou os muitos peregrinos presentes no Santuário, apesar do calor, uma “multidão provinda de vários países do mundo, expressão viva da Igreja de Cristo como casa comum”, onde “ninguém é estrangeiro”.

Depois de agradecer a D. Alessandro, o Bispo de Leiria-Fátima enviou um “abraço” a todo o povo do Brasil, bem como aos brasileiros a viver no nosso país.

D. António Marto disse que a peregrinação de Agosto, na Cova da Iria, é sempre “cheio de alegria e rico de emoção”, uma espécie de encontro anual com a Senhora de Fátima, lembrando em especial os emigrantes portugueses que ali se encontravam.

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Agência ECCLESIA

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