Portugal não subsiste sem os imigrantes

Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana condena discriminações

D. António Vitalino, Bispo de Beja, disse esta Quarta-feira em Fátima que é Portugal, “apesar da tragédia do desemprego crescente, já não consegue subsistir sem o contributo dos imigrantes”.

O presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana falava na Missa da Vigília da Peregrinação internacional de Agosto, na Cova da Iria, pedindo aos peregrinos presentes que sejam capazes de “viver em paz e em comunhão com todos os nossos irmãos, sejam eles da nossa família ou de outros países, e que em Portugal procuram o que não encontraram noutra parte”.

“Connosco eles querem contribuir para o desenvolvimento da Europa e do nosso país”, acrescentou, lembrando que “a redução da natalidade entre nós deixou muitas aldeias desertas e muitos sectores da vida social e laboral sem as forças activas necessárias”.

D. António Vitalino explicou que a peregrinação deste ano tem uma atenção especial para com a “comunidade dos irmãos brasileiros”, a mais numerosa entre nós.

“Sabendo que muitos portugueses encontraram estabilidade pessoal e familiar no Brasil, sejamos hoje também agradecidos a Deus pelo bem que os nossos antepassados encontraram nesse grandes pais. E a gratidão mostra-se no acolhimento, na hospitalidade, nas relações fraternas, fazendo do imigrante um membro da nossa família humana”, acrescentou.

Este responsável deixou votos para que “nos tornemos numa grande família de irmãos, sem discriminações nem acepção de pessoas, não apenas aqui em Fátima, mas em todo o lado onde vivemos e trabalhamos”.

O Bispo de Beja precisou que “hoje, mais que nunca, vivemos num mundo em constante mobilidade e, mesmo aqueles que aguentam permanecer nas suas aldeias, partilham das alegrias e tristezas, esperanças e desânimos dos seus vizinhos ou familiares que se puseram a caminho à procura de melhores condições de vida ou até mesmo da liberdade, que, por diferentes razões, lhes era negada na sua terra natal”.

Numa Missa votiva pela paz e pela justiça, D. António Vitalino pediu que “haja verdadeiro crescimento e desenvolvimento”, sublinhando que sem paz e justiça “o progresso não é possível ou sê-lo-á apenas para alguns, aumentam as desigualdades, o fosso entre ricos e pobres torna-se cada vez mais profundo, o pomar dos ricos sobranceia com o deserto de grande parte da humanidade”.

“Aqui surgem a inveja, o descontentamento e até a revolta, que minam a paz, a tranquilidade e a segurança de todos”, alertou.

 

Emigrantes sem padres

Na peregrinação que mais portugueses a residir e trabalhar no estrangeiro junta em todo o ano, o presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana revelou que “continuamente chegam pedidos de sacerdotes para acompanharem os nossos emigrantes nas várias partes do mundo e nem sempre temos capacidade de resposta, porque as nossas dioceses também não têm suficientes para as suas necessidades”.

“Não podemos limitar-nos a pedir ajuda. Temos que contribuir para que entre os filhos dos emigrantes surgem as vocações sacerdotais necessárias à vida da Igreja onde residem e trabalham. Aqui e acolá vão aparecendo algumas, mas ainda estamos muito dependentes da ajuda exterior”, explicou.

Neste contexto, D. António Vitalino convidou a rezar “pelos nossos missionários, testemunhas do Evangelho nas várias partes do mundo onde se encontram emigrantes de língua portuguesa, mas rezemos também pelas vocações sacerdotais entre os próprios filhos dos emigrantes”.

“Peço a Deus, por intercessão de Nossa Senhora de Fátima, para que surjam entre as comunidades emigrantes as vocações sacerdotais necessárias ao seu desenvolvimento humano integral”, afirmou.

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Agência ECCLESIA

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