Para lá das férias: voluntariado na primeira pessoa

Voluntários ajudam a transformar realidades locais e regressam com novas perspectivas

A descoberta “ao vivo” de realidades desconhecidas ou mediadas pela comunicação social, e a transformação do olhar e das relações humanas, são dois dos aspectos mais marcantes das experiências de voluntariado realizadas no país e no estrangeiro.

Um mês no Brasil foi o suficiente para que Ana Patrícia Fonseca colocasse em dúvida os seus projectos profissionais. Um ano depois da experiência missionária, integrada num projecto da Comunidade Shalom, decidiu deixar a empresa onde trabalhava. Hoje, na Fundação Evangelização e Culturas (FEC), coordena uma plataforma que agrega 50 entidades ligadas à preparação e envio de voluntários, especialmente para países africanos e de língua oficial portuguesa.

Quando entrou nos Jovens Sem Fronteiras, Beatriz Morgado estava longe de pensar em ser voluntária no estrangeiro. As estadias em Cabo Verde e Angola fizeram-na redescobrir uma realidade que já conhecia através dos media, mas que adquiriu outra intensidade quando foi testemunhada “in loco”: “A minha perspectiva, quando fui a Angola, foi perceber o que era a guerra”, através “dos olhos e da vida das pessoas”.

O primeiro impacto “não foi o mais fácil; é um ambiente estranho”, relata Helena Terapicos da Rosa a propósito da relação que estabeleceu com pessoas afectadas pela doença e deficiência mental. Um sorriso, um toque na mão, um passeio no jardim, coisas simples. “As pessoas pedem-nos o mais fácil”, refere a jovem da Juventude Hospitaleira.

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Formação e disponibilidade

É à Fundação Evangelização e Culturas que chegam muitos dos pedidos de participação numa experiência de voluntariado. A partir dessa vontade inicial, a FEC traça o perfil e os objectivos do candidato, encaminhando-o seguidamente para as entidades que melhor correspondem às suas características pessoais e aos seus propósitos. Os interessados, por seu lado, escolhem a instituição com que mais se identificam.

O local, período de tempo e tipo de colaboração são algumas das principais escolhas que os voluntários têm que fazer, em diálogo com as necessidades das instituições que organizam os projectos.

Durante o Verão, parte significativa das iniciativas decorre durante um mês, em países africanos ou de língua oficial portuguesa. Mas em Portugal, nas periferias das grandes cidades ou em lugares isolados, nas prisões ou em centros de saúde, a oferta também é variada. Os destinos são escolhidos de acordo com projectos já existentes, sobretudo quando a estadia é de curto prazo. Este tipo de voluntariado católico está geralmente ligado a congregações religiosas, universidades e paróquias.

Educação, saúde, acção social, cidadania, direitos humanos e formação teológica são algumas das vertentes apoiadas pela acção dos voluntários.

A formação é um dos elementos comuns destas iniciativas. A aprendizagem, assegurada pela FEC e pelas instituições, compreende a aquisição de competências ao nível da convivência comunitária, partilha e gestão de conflitos, além de conteúdos relacionados com as actividades a desenvolver localmente.

A maior parte dos projectos agendados para este Verão já começou, mas ainda há propostas para aqueles que, durante estas férias, desejem oferecer o seu tempo livre a quem mais necessita. De norte a sul do país e nas Ilhas, as casas dos Irmãos e Irmãs Hospitaleiras propõem campos de férias, que em regra duram entre oito a dez dias. Em Condeixa, por exemplo, os voluntários poderão integrar-se numa experiência de voluntariado entre 3 dias e 3 semanas.

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