Ajudar os deslocados e refugiados

Intenção Geral de Bento XVI para o mês de Agosto

Que a opinião pública seja mais sensível ao problema de milhões de deslocados e refugiados e se encontrem soluções concretas para situações muitas vezes dramáticas

 1.      Não são números, são pessoas

São cerca de 42 milhões, em todo o mundo. Gente como nós, em condições desumanas, por causa de guerras, calamidades naturais, perseguições religiosas ou políticas; gente deslocada dentro do próprio país ou tendo fugido para países vizinhos, vivendo em tendas, ou nem isso, sem meios de subsistência, exposta a todas as violências e explorações. Parece uma abstracção e, por isso, é preciso dar-lhe lugares e nomes: Iraque, um país rico de bens naturais, com uma cultura antiquíssima, durante anos devastado pela guerra e pelo terrorismo – milhares de refugiados nos países vizinhos que começam, agora, lentamente a regressar às suas terras; Somália, um Estado falhado, na região chamada Corno de África, destruído por uma interminável guerra civil, onde já não se sabe quem combate contra quem – milhares de deslocados e refugiados, sem casa, muitas vezes sem acesso a comida ou água, sem qualquer esperança de um futuro melhor; Sudão, um enorme país africano dominado por fundamentalistas islâmicos que levam por diante uma guerra de extermínio contra os seus concidadãos de outras religiões – milhares de mortos, centenas de milhares de deslocados no próprios país ou nos países vizinhos, em acampamentos miseráveis, totalmente dependentes da ajuda vinda do exterior… Não são números, são pessoas com rosto, nome, família, sonhos, necessidades, direitos… como qualquer um de nós.

 2.      Soluções concretas

Não vale a pena ser muito optimista. Grande parte dos deslocados e refugiados dificilmente terão o seu problema resolvido no futuro próximo. Se no caso do Iraque, por exemplo, a situação actual permite pensar que a maior parte dos refugiados poderá refazer a sua vida no seu país, a curto prazo, noutros, como a Somália, a situação não permite qualquer esperança. Quanto a soluções, não se afiguram fáceis, mesmo com boa vontade e cooperação internacionais. Descontada a intervenção militar externa para pacificar regiões em guerra, há casos que só o esgotamento das forças em conflito poderá resolver. Noutros, é possível a diplomacia vir a obter resultados, mas serão sempre demorados. Também não parece muito viável a integração de tão grande número de pessoas nos países onde encontraram abrigo temporário – muitos dos quais são pobres e politicamente frágeis. Estes países devem, por isso, poder contar com a solidariedade internacional, orientada para permitir às pessoas refugiadas e deslocadas a reconstrução da sua vida, mesmo como emigrantes – impedindo a perpetuação dos campos de acolhimento temporário, que se tornam quase sempre fonte de instabilidade local, de conflitos e de violação dos direitos humanos.

 3.      Sensibilizar a opinião pública

A complexidade da situação internacional, os conflitos e perseguições, as situações de fome e desastres naturais tornam cada vez mais difícil distinguir com clareza os refugiados – com direito a asilo político – de outros deslocados e migrantes que procuram melhorar as suas condições de vida em países economicamente mais desenvolvidos que os seus. A tentação mais fácil e, em muitos casos, politicamente rentável é fechar as fronteiras nacionais, procurando deixar os problemas à porta. Sem pôr em causa o direito dos países a distinguirem entre emigrantes, deslocados e refugiados, importa não deixar o egoísmo económico decidir sobre o auxílio prestado a estas pessoas em situação de particular necessidade. Importa também sensibilizar os cidadãos e políticos dos países mais ricos para a urgência de promoverem decididamente o desenvolvimento económico, social e político dos países pobres. Só desse modo será possível evitar as situações de conflito, violência e miséria, quase sempre na origem das vagas de deslocados e refugiados.

 Elias Couto

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