Missão em casal

Somos leigos missionários da Consolata e voluntários SVE, casámos no dia 26 de Julho de 2008, e em Novembro do mesmo ano decidimos partir para Moçambique por um período de 1 ano. Passaram-se já oito meses da nossa chegada à missão do Guiúa (Inhambane) e nós vamos vendo o nosso modo de estar a modificar-se e a nossa relação a amadurecer. Neste momento pensamos em permanecer aqui por mais um ano.

Estamos inseridos num Centro de Promoção Humana e Catequética, onde todos os anos cerca de 15 famílias de todo o país se deslocam ao Guiúa para frequentar o curso que tem duração de um ano. Daqui saem formados animadores de comunidades que vão ter um papel fulcral nas suas paróquias.

Na missão damos o nosso contributo na Escolinha (Jardim-Escola), no centro de saúde, maternidade e centro nutricional, centro editorial da diocese, damos aulas de formação Humana (promoção da Mulher e da Criança, alfabetização de adultos, aulas de Português, aulas de informática).

Trabalhamos em conjunto com a Equipa Missionária que inclui irmãs Franciscanas Missionárias de Maria e padres Missionários da Consolata. Vivemos em comunidade com os padres, uma vez que pertencemos ao mesmo carisma. No entanto, moramos numa casa do centro catequético, idêntica à das famílias em formação. Sentimos que é um factor importante, pois as famílias sentem essa integração com eles. Geralmente, os missionários ou são irmãs ou são padres, ou então são jovens voluntários ou leigos individuais, mas é raro ver um casal a partilhar a sua vida. Tanto é que, quando as pessoas se dirigem a nós, tratam-nos por "mamã Diana" ou "papá Rui".

Inicialmente não compreendíamos o porquê, principalmente porque quem nos começou a tratar assim, foram as pessoas mais velhas, que muitas vezes até tinham idade para serem nossas avós. Depois, com o passar do tempo, percebemos que era um grande sinal de respeito, de alguém que trabalha e vive em comunhão com elas.

Notamos que mais importante que realizar obras, o estar, o ser presença, o ser casal é um testemunho indispensável para a missão onde estamos, e o carinho que recebemos da parte das pessoas dá para perceber isso. Por isso é que a nossa opção de vir para a missão enquanto casal foi a mais acertada. Somos chamados pelo baptismo a ser testemunhas do amor de Cristo. Para nós faz mais sentido virmos como casal. É um plano de vida pessoal que assumimos e como Leigos Missionários da Consolata fizemos esta opção.

Sabemos que estamos cá por causa de Cristo, e as obras que se realizam são realizadas pelo Espírito Santo. Somos apenas o Seu instrumento. Assim dizia o beato José Allamano (fundador do Instituto Missionário da Consolata) : " A difusão da fé faz-se pela acção do Espírito Santo. A Ele se deve atribuir todo o bem que se realiza nas missões."

A confiança ganha-se com a vivência em conjunto, e aqueles olhares de quem nos vê pela primeira vez, aos poucos desaparece para dar lugar a olhares de amigos, a quem nos convidam para um jogo de futebol no campo, a quem fala sobre o Cristiano Ronaldo sair do Manchester, a quem simplesmente partilha a presença pelas palavras. Nos trabalhos do dia-a-dia sempre há novidades, apesar do programa estabelecido ser quase o mesmo: há quem nos procura com interrogações, com perguntas e com preocupações. É esta a vivência da Missão, um estar presente todos os dias para quem nos procura. A despedida é sempre com um típico "estamos juntos", um "Kanimambo", ou "nzi bonguile" (as duas expressões significam "obrigado"). É com este agradecimento que nos queremos despedir de todos os que lêem estas linhas: "Kanimambo!"

Rui e Diana Nunes Antunes

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