D. Jorge Ortiga contra o individualismo na Igreja

Sete novos sacerdotes ordenados em Braga

D. Jorge Ortiga quer uma «arquidiocese menos individualista». Na ordenação sacerdotal de sete padres em Braga, o Arcebispo Primaz considerou que a "credibilidade da Igreja no mundo moderno passa pelo testemunho da unidade".

D. Jorge disse mesmo que o "individualismo pastoral separa da verdadeira vida que existe no todo" e que só a unidade, doutrinal e pastoral, "dá capacidade para a Igreja mostrar que merece credibilidade".

A Arquidiocese de Braga ordenou este Domingo sete novos padres. A igreja diocesana congregou-se no Santuário do Sameiro para um momento de "graça" que são as ordenações sacerdotais. Presente esteve também o futuro bispo auxiliar da diocese, D. Manuel Linda.

Aos presentes, o Arcebispo de Braga fez apelos para uma Igreja diocesana renovada, que seja "mais Evangelho, acolhido e vivido, e menos tradicionalismo e devocionismo". O arcebispo lembrou que a Igreja não é um "repositório de tradições", pois o "Evangelho é ruptura e provoca uma adesão nova a coisas que animam a fé".

D. Jorge Ortiga apelou aos cristãos para viverem em "coerência com um projecto capaz de dar sentido à vida", sublinhando serem precisos "mais discípulos procuradores da verdade e menos dogmatismos rígidos".

Na homilia, o Arcebispo primaz manifestou que apenas o "testemunho arrasta e molda consciências para um ritmo de permanente conversão" ao contrário de palavras dos "mestres conhecedores de toda a verdade". A Arquidiocese de Braga deve ser, por isso, "mais acolhimento e menos condenação", "mais humanismo integral e menos moralismos redutores".

Pede o Arcebispo que se "multipliquem sinais concretos objectivos de esperança" na sociedade capazes de "destruir os medos e de ultrapassar os temores".

D. Jorge Ortiga frisa que só o compromisso com os "critérios transcendentais" poderão ajudar a "ultrapassar a crise" e fazer com que "ricos e pobres se aproximem, não no sentido de meras ajudas assistencialistas e tranquilizadoras de quem dá algo". Pede o Arcebispo que a igreja diocesana faça uma "pelos pobres". "Urge inverter o sentido e acreditar que a pobreza dos outros nunca permitirá a felicidade de alguns".

A Arquidiocese de Braga precisa de "mais cristãos adultos, menos leigos executores". A responsabilidade da diocese cabe também aos leigos que, segundo o Arcebispo, têm "uma responsabilidade específica que já cresceu muito e já se manifesta verdadeiramente em muitos lugares", apesar de não suficiente.

"A formação é a única forma de permitir uma fé adulta que explica como agir e como intervir em correponsabilidade".

A construção da Arquidiocese pede "mais sinodalidade como testemunho e menos sintomas de imposição clerical por parte dos sacerdotes e leigos". D. Jorge lamenta a falta de concretização do "saber escutar, saber dizer, saber aceitar".

D. Jorge pede ainda à Arquidiocese "maior transparência e menos preocupação económica", pois a "transparência mobiliza e responsabiliza.

"O caminho que a Igreja deve percorrer neste momento tem de ser o da fé, da coragem e, particularmente, duma alegria serena que manifesta entusiasmo e paixão", indica o Arcebispo, que lembra a necessidade de um "realismo sereno" e não de "um pessimismo desmotivador".

Terminando, D. Jorge pediu aos sacerdotes, em especial aos novos padres ordenados que "coloquem o Evangelho no coração da sociedade moderna", com trabalho "pessoal sem desculpas".

A celebração das ordenações sacerdotais contou ainda com uma prece final. D. Jorge rezou carta do Judeu do Gueto de Varsóvia, "em jeito de acção de graças". Esta missiva, encontrada numa garrafa, exprime uma oração perante as atrocidades cometidas contra os judeus, durante a última grande guerra.

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