AIS denuncia violência na Guatemala, país dos 20 assassinatos diários

A Guatemala, país da América Central, vive mergulhada numa violência sem tréguas, com 15 a 20 assassinatos diários. A média de mortes na actualidade superaria, assim, a do período da Guerra Civil, em que o país viveu entre 1960 e 1996.

Membros da secção espanhola da organização católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) estiveram em território guatemalteco e consideram que as causas desta violência são várias: pobreza, marginalidade, delinquência, gangues, narcotráfico e, sobretudo, uma sensação permanente de impunidade.

O Bispo de Escuintla, Victor Hugo Palma, reconhece que o trabalho da justiça se pode avaliar pelos seguintes dados: "em cada 100 assassinatos, apenas três chegam a ser investigados e ao processo judicial".

Este responsável acusa a polícia de "olhar para o lado", indiferente ou apenas preocupada em extorquir os cidadãos que deveria proteger.

O mundo acordou para a situação do país com o assassinato do advogado Rodrigo Rosenberg, em Maio passado. D. Victor Hugo Palma assinala que "a repercussão internacional do caso foi dolorosa para a Guatemala, porque não é essa a nossa vocação, mas a histórias, a desarticulação de forças sociais e educativos provocaram esta situação".

Depois da Guerra Civil, continuam por resolver os problemas das desigualdades, em especial nas comunidades indígenas, e das feridas ainda abertas.

Prudencio Rodríguez, missionário espanhol no país desde 1973, diz que seria redutor olhar para os problemas do país apenas desde a perspectiva do passado recente e ignorar a situação actual, marcada pela pobreza, o tráfico de droga, a discriminação, o racismo, a prostituição e o analfabetismo.

É nesta sociedade que a Igreja procura desenvolver um trabalho de catequese e evangelização, mas também de promoção humana. Vivendo com a população, experimentam os mesmos dramas, como aconteceu com o sacerdote norte-americano Lorenzo Rosegangh, assassinado no passado dia 18 de Maio quando se dirigia para a paróquia de Cantabal, com outros quatro sacerdotes.

O automóvel em que seguiam foi interceptado por dois homens armados, de rosto coberto, que dispararam a matar.

A pressão a que a Igreja é submetida nem sempre chega às primeiras páginas dos jornais, mas afecta o trabalho de pacificação no país. Nas últimas semanas, uma congregação religiosa feminina teve de abandonar um dos bairros mais marginais da capital, por causa dos gangues, donos e senhores dos subúrbios. A violência não para de aumentar e preocupa os responsáveis da Igreja, que consideram a situação actual "muito mais complexa" do que antigamente.

Departamento de Informação da Fundação AIS

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