Homilia do Bispo de Viana na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

Abertura do Ano Sacerdotal Meus caros sacerdotes e diáconos

Estimados fiéis

Zeladores/as do sagrado coração de Jesus

 

Em comunhão com a Igreja universal, o amor de Cristo conduziu-nos a este templo dedicado ao Sagrado Coração de Jesus.

Temos aqui presentes as relíquias de Santa Margarida Maria Alacoque, confidente dos divinos anseios de amor manifestados por Jesus, tantas vezes não retribuído da nossa parte, e o convite ao apostolado da oração e desagravo pela indiferença e frieza com que este amor de Cristo é frequentemente tratado.

Esta intimidade de amor com Cristo leva-nos à adoração do mistério eucarístico e à oração pela santificação dos sacerdotes, cuja vida e ministério estão intimamente ligados ao mistério da Eucaristia e à missão da Igreja.

Na história da Igreja encontramos uma figura de sacerdote que deixou rasto de luz, na vivência de todos estes mistérios, e nos aponta, ainda hoje, um caminho de santificação: S. João Maria Vianey, o Cura d'Ars, falecido há 150 anos.

Por todos estes motivos, o Santo Padre proclamou um ano jubilar, centrado no sacerdócio, a ser vivido em espírito eclesial por todos os fiéis e respectivas comunidades cristãs. Para esse efeito, publicámos uma Nota Pastoral, cujo conteúdo essencial desejo transmitir-vos nesta Eucaristia.

Temos aqui presentes dois diáconos, candidatos ao sacerdócio ministerial, que desejam assumir publicamente, sob juramente, o compromisso de cumprir as obrigações sacerdotais, nomeadamente a obrigação do celibato eclesiástico.

 

Em 16 de Março de 2009, o Santo Padre Bento XVI convocou o «Ano Sacerdotal», por ocasião do 150º aniversário da morte do Santo Cura d'Ars, expressão eloquente de vida sacerdotal, a quem proclamará padroeiro de todos os sacerdotes.

A sua abertura foi marcada para o dia 19 de Junho deste mesmo ano, em Roma (quer dizer, para hoje). Conta com a presença da relíquia do Santo Cura d'Ars.

O encerramento será celebrado, precisamente um ano depois, com um Encontro Mundial Sacerdotal, na Praça de S. Pedro em Roma, a 19 de Junho de 2010.

Na nossa Diocese, a abertura acontece também hoje, neste Templo de Santa Luzia, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, nesta celebração litúrgica.

Conta com a presença das relíquias de santa Margarida Maria Alacoque, através de quem Jesus quis manifestar o seu amor por todos os homens e nos revela a tristeza pela indiferença com que este amor Lhe é retribuído.

Segundo expressou o próprio Papa ao proclamar este ano jubilar, o objectivo pretendido é «ajudar a perceber cada vez melhor a importância do papel e da missão do sacerdote na Igreja e na sociedade contemporânea». Não se trata de corrigir os sacerdotes, mas de reforçar a reconhecida dignidade com que, em geral, vivem a sua vocação e missão, e ajudar a viver com alegria e com entusiasmo o seu ministério sacerdotal.

O Ano Sacerdotal não será reservado somente aos sacerdotes, mas «diz respeito a todos os fiéis, a toda a Igreja».

O tema escolhido tem por lema «Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote».

Aos sacerdotes e fiéis leigos desta diocese de Viana do Castelo convidamos a uma participação activa nesta proposta universal da Igreja; e damos conta de algumas das iniciativas já traçadas e postas em andamento por ocasião deste ano jubilar, de forma a poderem ser utilizadas como material de apoio nas nossas comunidades cristãs: a nível universal, está prevista a publicação de um Directório para os Confessores e Directores Espirituais, assim como uma recompilação de textos do Papa sobre os temas essenciais da vida e da missão sacerdotais na época actual; a nível da Igreja diocesana de Viana do Castelo, através da Comissão Permanente do Conselho Pastoral Diocesano, será enriquecido o Projecto Pastoral Diocesano 2008/11, introduzindo alguns objectivos específicos relativos à celebração deste jubileu, oferecendo subsídios de apoio e programando acções pastorais oportunas para facilitar a vivência intensiva deste ano jubilar.

Dentre as sugestões já recolhidas, a partir do contributo vindo de outros Conselhos diocesanos, constam: a participação, a mais numerosa possível, no Simpósio do Clero a realizar em Setembro, em Fátima; a organização de peregrinações ou romagens a vários centros de espiritualidade, nomeadamente a Roma, Ars e Fátima; encontros de formação teológico-pastoral para sacerdotes e momentos de vivência espiritual para sacerdotes e leigos, aproveitando os já programados a nível arciprestal, diocesano e nacional, e promovendo outros, mesmo a nível regional de vários arciprestados.

Em termos de projecto pastoral diocesano, podemos dizer que vamos transitar, em continuidade pastoral, do Ano Paulino para o Ano Sacerdotal. O Ano Paulino, cuja conclusão está prevista para 29 de Junho próximo, passará o apelo e missão ao Ano Sacerdotal. Nos 150 anos da morte de São João Maria Vianney, o Cura d'Ars, a Igreja une-se em torno aos seus sacerdotes para redescobrir a fecunda presença deles dentro da missão universal que envolve todos os baptizados. Tal como São Paulo se apaixonou pela beleza de Cristo, o coração dos santos pastores deve pulsar em autêntico ritmo sacerdotal, tal como aconteceu em S. João Maria Vianey.

O Santo Padre dá atenção particular à vida, espiritualidade, santificação e à missão dos sacerdotes. Os sacerdotes são importantes não somente por aquilo que fazem, mas também e sobretudo por aquilo que são. O povo Deus quer vê-los, em seu trabalho apostólico, "felizes, santos e contentes".

É necessário e urgente, neste nosso tempo, evocar convictamente a beleza, a importância e a indispensabilidade do ministério sacerdotal na Igreja para a salvação dos fiéis. A figura de sacerdote que propomos deve ter como expressão emblemática a imagem evangélica de Cristo, Bom Pastor, resistindo à tentação do activismo que atinge não poucos sacerdotes, os quais, mesmo sendo generosos, não raramente colocam em risco a própria vocação e a eficácia do seu apostolado se não permanecem de forma estável na relação vital com Cristo.

Como instrumentos básicos de apoio aos encontros de reflexão, apontamos a leitura das Cartas pastorais de S. Paulo (1ª e 2ª a Timóteo, a Tito e a Filémon), a Carta aos Hebreus, bem como a Exortação Apostólica «Dar-vos-ei Pastores», de João Paulo II, e o Decreto conciliar sobre o Ministério e a Vida dos Sacerdotes (Drebyterorum ordinis).

 Recomenda-se que, de modo particular durante este ano, nos exercitemos na «lectio divina».

Além disso, aos Pastores das comunidades cristãs solicitamos que esclareçam os fiéis sobre as Indulgências especiais concedidas pelo Santo Padre durante o Ano Sacerdotal, bem como as condições exigidas para delas usufruir, segundo as habituais condições e normas estabelecidas pela Igreja (cf. Enchiridion Indulgentiarum, 1999).

Confiamos ao Sagrado Coração de Jesus e ao coração maternal e sacerdotal da Mãe de Cristo, os frutos deste Ano Pastoral.

 

Caros sacerdotes e diáconos, estimados fiéis, zelosos promotores do Apostolado da Oração (Zelçadores/as).

Paira em todo este ambiente celebrativo o amor infinito de Deus, de que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus constitui o símbolo mais expressivo. O coração trespassado pela lança do soldado no alto da cruz, o sangue e água que dele jorrou, constituem a expressão suprema de Deus que continua a amar-nos apesar das nossas ingratidões e indiferença. O coração é expressão de toda a pessoa humana.

Redescubramos a profundidade deste amor divino; acolhamos os desejos manifestados por Jesus a santa Margarida Maria; procuremos retribuir, venerando e adorando o Senhor presente na Eucaristia e comungando com o amor, não apenas nas nove primeiras sextas-feiras do mês, mas, tanto quanto possível, todos os dias; promovamos o apostolado da oração, pelos sacerdotes e também com sentido de louvor e desagravo, tendo presente a intenção de contribuir para a conversão dos pecadores; façamos do nosso dia-a-dia individual, familiar e de membros da sociedade civil, cenário do anúncio desta boa nova do amor de Deus.

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