Honoris Causa para o pioneiro da Genética Molecular

Universidade Nova atribuiu distinção ao Pe. Luis Archer O pioneiro em Portugal da investigação em Genética Molecular Microbiana recebeu, ontem (18 de Junho), o doutoramento «Honoris Causa» da Universidade Nova de Lisboa. Referimo-nos ao sacerdote jesuíta Luis Archer, nascido no Porto, em 1926.

Na alocução da cerimónia, António Janeiro Borges sublinhou as qualidades de Luis Archer nos domínios da investigação. "Um investigador nato" – disse.

Este sacerdote jesuíta é um dos investigadores pioneiros na área da genética e já presidiu ao Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Em declarações à ECCLESIA, Luis Archer realça que "não faz ciência como proselitismo da religião". No entanto "respeito da fé dos outros e encorajo aqueles que têm uma fé que pede para ser encorajada". E acrescenta: "não faço ligações excessivas entre ciência e religião".

As discussões existentes outrora onde se acusava a ciência ser inimiga da religião "foram lapsos e enganos" – referiu. "Não se respeitou a diversidade que a ciência merece ter". A relação entre a ciência e fé "não deve ser conflituosa". A Bíblia "não é um livro de Biologia" – afirmou.

Em Dezembro do ano passado recebeu o Prémio Nacional de Bioética, atribuído pela Associação Portuguesa de Bioética (APB) e do Serviço de Bioética e Ética Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Em Novembro de 2006, recebeu o Prémio de Cultura Manuel Antunes, instituído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. Uma vida cheia de prémios. Na sua intervenção, Luis Archer recordou alguns momentos da história da sua vida e da ciência: "em 1973 conseguiu-se o impensável. Tirar genes de uma espécie e transferi-los para outra". E completa: "estava aberto o caminho para a engenharia genética".

Luís Archer criou o Laboratório de Genética Molecular, no Porto que dirigiu até 1991. No Verão de 1974, este pioneiro recorda as aulas teóricas dadas na praia. "Usando como quadro preto, os tampos de lousa das mesas de um café próximo". No ano da revolução dos cravos "anunciámos a revolução da engenharia genética" – sublinhou.

Com cerca de 250 trabalhos de investigação e seis livros, este sacerdote jesuíta é uma "figura incontornável e com papel de precursor em muitas áreas" – disse à Agencia ECCLESIA o Pe. António Vaz Pinto, sacerdote da Companhia de Jesus. E avança: "soube distinguir o campo da ciência e o campo da fé". O também padre e investigador em Física Molecular, João Resina Rodrigues frisou à Agência ECCLESIA que o sacerdote jesuíta "é distinto como biólogo" e "sempre foi reconhecido pela sua enorme qualidade".

Em Novembro do ano passado, Luis Archer recebeu – juntamente com outros investigadores – a Ordem Militar de Sant'Iago da Espada das mãos do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

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