Teremos de votar no escuro?

Hoje na Europa, a par de uma definição de regras económicas, de segurança ou de preservação e uso de recursos, o que se joga é a possibilidade de colectiva ou individualmente o Homem poder viver em liberdade, segundo critérios e valores que respeitem a tradição humanista da Civilização Europeia.

Da Europa vêm muitas das leis que hoje regulam a vida dos portugueses. Não directamente, mas por transposição de directivas comunitárias ou simplesmente porque se faz depender programas de financiamento de medidas concretas que tangem directamente com a organização social.

Assim, temos assistido a grandes pressões que se fizeram sobre a chamada "saúde reprodutiva da mulher" que não é mais do que a introdução do aborto a pedido, o uso de embriões humanos para experiências "científicas", a banalização do conceito de casamento e família com a introdução de regras de facilitismo no divórcio e a apologia da "igualdade de género" que não pretende mais do que ver aprovado o chamado "casamento de homossexuais". Também assim temos assistido a ataques cerrados à Igreja Católica por defender valores que tangem com aquelas opções. Assistimos mesmo nos últimos meses a uma interpelação ao Governo Italiano para que "justificasse" algumas políticas fiscais que isentavam o Estado do Vaticano.

Ora, é no momento em que votamos que devemos pensar se é este o tipo de actuação que esperamos do Parlamento Europeu.

A Federação Portuguesa pela Vida elaborou um questionário que enviou aos 13 partidos que concorrem às eleições Europeias. Prática, aliás, já em voga nos movimentos cívicos de toda a Europa. Responderam a este questionário o PSD, o CDS/PP, o PT, o PNR e por remissão para o programa eleitoral, o MEP e o PCP.

As respostas dadas podem ser consultadas em www.federacao-vida.com.pt.

Daqui resulta, de uma primeira análise, e sem fazer nenhum juízo de valor às respostas dadas, que cada um por si poderá fazer que, partidos com assento parlamentar como o PS, e o BE nem sequer responderam. Facto que os movimentos cívicos em Portugal não podem deixar de lamentar.

É fácil dizer que se está com a sociedade civil, é fácil dizer que se pretende esclarecer, é fácil invocar um mandato conferido pelo Povo. Mas na verdade parece que quem deseja fundamentar o seu voto em questões tão concretas como a liberdade de educação, a defesa da família e da vida, a liberdade religiosa, ou a subsidiariedade não tem como pedir esclarecimentos.

A União Europeia tem-se pautado por uma distância que muitas atribuem aos burocratas que ali dispõem de meios não sindicáveis. No entanto, nas eleições são rostos concretos que ditam o nosso voto. E esses podem e devem dizer aos eleitores o que farão no Parlamento sobre matérias tão concretas como as acima referidas e que são na verdade aquelas que hoje mais dividem e identificam as opções políticas. A consciência de cada eleitor tem seguramente uma formação que neste momento deve ser a bússola da sua decisão política. De 5 em 5 anos somos chamados a dizer o que está bem e o que está mal e a mostrar o caminho que desejamos para cada um de nós e para as gerações vindouras.

Por isso, a 7 de Junho nas urnas, a cada homem e a cada mulher é pedido um voto em consciência. Os dados estão lançados. Nas urnas não podemos, nem devemos votar no escuro.

Isilda Pegado,
Confederação Portuguesa pela Vida

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