Mensagens de paz em Belém

A Missa da Noite de Natal celebrada em Belém tem um significado especial para o mundo cristão e ganha especial relevo por causa da situação de conflito vivida na Terra Santa. Por isso mesmo o patriarca latino de Jerusalém, D. Michel Sabbah, lançou um apelo à paz após três anos de violência para judeus, muçulmanos e cristãos. “Se os líderes quiseram servir verdadeiramente os seus povos deveriam ter a coragem de tomar decisões de paz, ainda que estas decisões os levassem ao martírio”, afirmou. A homilia do patriarca converteu-se numa evocação da dor que todos tiveram de suportar este ano por causa do aumento do conflito armado. “O pior é que todos estes sacrifícios não mudaram nada: o povo israelita continua a viver no insegurança e medo, e o povo palestiniano continua a pedir a sua terra e a sua liberdade”, denunciou. Evocando os sofrimentos vividos por ambos os povos desde o início da Intifada, em Setembro de 2000, que provocou já quase 3700 mortos, o patriarca aconselhou os dirigentes políticos a mostrarem mais coragem e a ouvirem “a voz dos oprimidos” depois de mais um ano de conflito sangrento na região. “Matar pessoas é desumano, e fazê-las viver no medo e na insegurança é igualmente um acto de desumanidade”, disse, perante os cerca de 3000 fiéis reunidos na Basílica. Na celebração eucarística participaram diplomatas, autoridades políticas e civis palestinianas, ainda que Yassir Arafat voltasse a estar ausente, mas na cadeira reservada para ele foi colocado um “kafieh” (lenço) preto e branco, como o que Arafat usa. O líder palestiniano criticou duramente a decisão israelita de o impedir de assistir às celebrações de Natal, acusando o Estado hebraico de estar a tentar abater o moral do povo palestiniano. “É a terceira vez que me impedem de ir a Belém para participar nos festejos de Natal na igreja da Natividade. Isso faz parte das tentativas falhadas, da parte deles, para atingir o moral dos palestinianos”, disse Arafat aos jornalistas no seu quartel-general de Ramallah. No centro da cidade foi colocado um enorme cartaz com a cara de Arafat e a frase “Não estrangulem Belém”, aludindo ao muro de separação construído por Israel na Cisjordânia, que vai separar Belém de Jerusalém.

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