A Conferência Episcopal de Moçambique tem novo presidente. Lúcio Andrice Muandula, bispo de Xai-Xai, sucede ao arcebispo de Nampula, Tomé Makhweliha A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) acaba de realizar a sua primeira reunião de 2009, com a presença do novo Núncio Apostólico, António Arcari e do novo bispo de Lichinga, Élio Greselin, cuja ordenação episcopal teve lugar em Lichinga, a 22 de Março. Durante os trabalhos da primeira sessão anual da assembleia plenária, procedeu-se à eleição do conselho permanente da CEM e dos presidentes das comissões episcopais, para o triénio que agora começa. Além do novo presidente, foi escolhido para vice-presidente o reeleito arcebispo de Maputo, Francisco Chimoio.No final da reunião, os Bispos de Moçambique encontraram-se com o presidente da República, a convite deste. Foram abordados durante o encontro vários assuntos de interesse nacional e do interesse da Igreja.
Massacre de Mongicual denunciado em comunicado
Recentemente tornado público e dirigido às comunidades cristãs, no documento os bispos pronunciam-se sobre a morte de 13 prisioneiros, sufocados numa cela da prisão de Mongicual. Fazem apelo às instituições da Justiça sobre a necessidade de rever as condições das prisões em todo o país. Expressam um claro não à pena de morte e, sobretudo, “à pena de morte não declarada”.
Segundo os Bispos moçambicanos, “nunca será de mais condenar coisas deste género, pois, com tais factos, estamos perante violações dos mais elementares direitos da pessoa humana. Sejam quais forem as razões de uma detenção, o detido não perde a sua dignidade de pessoa e o seu direito à vida. A detenção não visa a eliminação física do detido mas, sim, a sua recuperação, através de métodos correccionais humanos e pedagógicos. A violência de qualquer género cria revolta em quem a sofre e criam uma situação de círculo vicioso, na medida em que, na primeira oportunidade, o detido violentado procura vingar-se da violência sofrida na prisão”.
Tendo em conta que estas mortes ocorreram em instituições sob a responsabilidade do estado, os Bispos fazem um apelo às autoridades “para uma maior responsabilidade, e que se revejam as condições das prisões em todo o país, pois, receamos que os casos ali acontecidos sejam denúncia de tantas outras situações graves que se vivem nas instituições prisionais pelo país fora”.
Eleições livres, justas, transparentes, sem ódio e intolerância
Com os olhos postos nas próximas eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais, que terão lugar no dia 28 de Outubro, os bispos encorajam o povo, para que tome a peito o seu direito e o seu dever de votar e se evitem os actos de violência, que têm resultado em dor, sofrimento e mortes inúteis.
Apelam às eleições livres, justas e transparentes, palavras que devem deixar de ser um simples slogan para consumo externo: “Estas palavras, repetidas em toda parte e em cada pleito eleitoral, devem deixar de ser um slogan, devem deixar de ser um cântico velho e vazio. Cabe a cada um de nós dar-lhes um sentido sempre novo e um conteúdo concreto, em cada situação eleitoral”. Por outro lado, apelam a que “cada um de nós deve pôr de parte e longe de si a manipulação, a mentira, o ódio, a intolerância e o extremismo”.