Guarda: D. Manuel Felício defende medidas que fixem os jovens na região

O Bispo da Guarda, D. Manuel da Rocha Felício, defende a aplicação de medidas específicas do Governo que contribuam para a fixação dos jovens na região e mostra-se preocupado com o facto de o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) ter “pouca aplicação” na área da Diocese.

Em época de crise económica, D. Manuel da Rocha Felício constata “o empobrecimento geral” das populações e reconhece que “há pouca capacidade de acolher os poucos jovens que têm a sua formação” mas que “fogem” à procura de trabalho e de melhores condições de vida.

Na opinião do Prelado Diocesano “o Governo devia criar condições objectivas” para “acompanhar os jovens que se formam nas escolas, ajudando-os localmente, a organizarem a sua própria empresa”.

D. Manuel da Rocha Felício referiu que o primeiro-ministro anunciou recentemente a criação da linha de crédito PME Invest 4, num valor global de 400 milhões de euros, com 200 milhões destinados a apoiar as exportações e outros 200 para pequenas e micro empresas. “Eu esperava que algumas dessas disponibilidades viessem ajudar a que os jovens das nossas terras, que até estão aqui a fazer formação profissional, se entusiasmassem por iniciativas nos nossos meios, senão, perdemos os jovens, perdemos os meios e ninguém ganha”, disse aos jornalistas, na quinta-feira 14 de Maio, no final da apresentação da nova equipa do Secretariado Diocesano.

O Bispo da Guarda referiu que a criação de uma nova rede de pequenas e médias empresas (PME), impulsionada pelos jovens, era importante para o país “porque a saúde de uma sociedade nunca repousou nas multinacionais nem nas grandes empresas, repousou nas PME e nas empresas de base familiar”. “Foi essa a nossa riqueza”, referiu, assumindo que, caso o país não a recupere “se continuar a deixar que as PME desapareçam a um ritmo avassalador de centenas por mês” o empobrecimento será “muito grande”.

Também considera que a luta contra a crise, deve ser feita “em dois tabuleiros”, sendo um “o tabuleiro assistencial” e o outro “o tabuleiro da promoção”. “Era criar condições para que os nossos jovens com formação nos nossos meios não se vissem obrigados a fugir da sua terra”, reafirmou.

Ainda no campo da formação dos mais novos, lembrou que no passado, “quando o ensino profissional estava devidamente organizado, as pessoas saíam de uma escola profissional ou industrial e começavam a fazer o seu estágio” e tinham emprego assegurado.

Segundo D. Manuel, encontrar mecanismos que permitam fixar os jovens nas terras do interior seria “uma medida acertada para um combate efectivo à pobreza” nesses meios.

Entretanto, considerou que o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) tem “pouca aplicação” na área da Diocese, situação que lamenta por reconhecer que existem apoios para a dinamização de projectos de desenvolvimento. Em seu entender, “ou não há técnicos preparados para irem buscar as disponibilidades do QREN ou não há vontade de o fazer funcionar” na região. Disse que na Diocese existem aldeias “com um património tradicional invejável” ao nível da construção das habitações, cuja recuperação podia ser apoiada por verbas comunitárias. No entanto, referiu que conta “pelos dedos de uma mão” os investimentos relacionados com a recuperação deste tipo de património “que até culturalmente era desejável e seria, certamente, uma alavanca de desenvolvimento de muitas terras”.

“Se tivéssemos alguma gestão e algum ordenamento destas potencialidades e canalizássemos verbas que estão presentes no QREN, podíamos dar um futuro a muitas aldeias, que não envergonhasse ninguém, nem o Governo nem os cidadãos”, afirmou.

Bispo preocupado com a situação da PLIE

O Bispo da Guarda também não escondeu algumas inquietações ao nível do desemprego: “Por um lado é o encerramento de empresas e, por outro, também me custa ver que a Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) da Guarda não ande. Custa-me ver que a nossa PLIE está a custar a andar. Se calhar, ela foi dimensionada para grandes empresas, porventura multinacionais, que são difíceis de trazer”, disse. Referiu que outro projecto regional, implementado numa cidade vizinha, “está a conseguir bons resultados”, por isso custa-lhe ver que a PLIE da Guarda “não esteja a dar os resultados pensados”.

D. Manuel da Rocha Felício defendeu que “via com bons olhos que houvesse uma discussão pública sobre a orientação a dar a um investimento destes e que se visse aquilo que se há-de fazer” com vista à sua dinamização e à captação de empresas.

O Bispo também se mostrou preocupado com o encerramento de empresas e com a diminuição da laboração, garantindo que a Diocese está atenta à situação e que já deu instruções para que em cada Paróquia seja feito o levantamento “das situações de pobreza existentes ou que se venham a revelar” para que seja dada uma resposta atempada a cada caso.

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Agência ECCLESIA

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