Évora: Museu de Arte Sacra com novas instalações

O novo Museu de Arte Sacra da Sé vai ser inaugurado esta Sexta-feira, por ocasião da festa da dedicação da Catedral que o ano passado celebrou 700 anos.

A novidade assenta em dois sentidos. O edifício conhece novas isntalações e será organizado de acordo com critérios museológicos modernos e que permitem uma melhor fruição das peças expostas.

Concretiza-se desta forma um velho sonho do Cabido. Herdeiro de um valioso património artístico e cultural que traduz a matriz cristã da nossa cultura, e consciente das suas potencialidades em termos sociais, económicos e turísticos, há muito que ansiava por um espaço que oferecesse melhores condições para um contacto mais pedagógico com o referido património por parte dos seus visitantes.

O actual espaço pecava por mais parecer um depósito de peças de arte e por oferecer grandes dificuldades de acessibilidade.

Encontrou-se finalmente o espaço para reinstalar o Museu de Arte Sacra ou Tesouro da Sé, que há 26 anos se encontrava na galeria norte da Sé. Esse espaço é o último exemplar de um vasto património, tanto rústico como urbano, que era propriedade do Cabido até 1910, e que carrega consigo um valor incalculável em termos históricos, artísticos e culturais.

A ele está associada a Escola de Música da Sé de Évora, que particularmente entre os séculos XVI e XVIII projectou o nome da cidade além fronteiras, tanto pela notoriedade dos seus mestres como pela produção musical no campo da música polifónica sacra. E há décadas que se encontrava em crescente degradação.

Com a comparticipação financeira do FEDER através do Programa Operacional da Cultura (POC) do Ministério da Cultura, com o apoio mecenático da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Eugénio de Almeida e com grande esforço do Cabido, foi possível reabilitar o edifício conhecido por Casa do Cabido ou, mais propriamente por Colégio dos Moços do Coro da Sé, e reactivar a sua integração na Catedral, tal como aliás fora pensado em 1708, data sua inauguração a 5 de Maio.

Com projecto do arquitecto João Luís Carrilho da Graça, galardoado com o prémio Pessoa em 2008, o edifício viu-lhe restituída a sua identidade original enquanto escola-internato e como tal contribuir para estimular a memória histórica, artística e cultural da nossa cidade que se sente orgulhosa de poder oferecer aos seus visitantes um produto diferenciador em termos turísticos.

Percorrendo os seus corredores e visitando as suas celas, que eram os quartos dos colegiais, e todos os restantes espaços que proporcionavam aos colegiais um ambiente de paz e convivência, é contactar com vivências e valores que despertam sentimentos e atitudes que enriquecem quem olha para o passado despido de preconceitos.

Ao mesmo tempo, graças à exposição permanente das peças que vão desde o séc. XIV até ao séc. XIX, peças essas ligadas à história da fé e da arte, produzidas especialmente na cidade, o Colégio dos Moços do Coro da Sé proporciona uma outra linguagem que certamente não está em desarmonia com a sua própria, mas que a enriquece.

Para valorizar o projecto, não faltarão serviços de apoio aos visitantes. Assim, o primitivo refeitório será transformado em loja, a cozinha em cafetaria e o recreio dos alunos em esplanada.

Uma oferta de serviços que enriquece o Museu e proporciona à cidade um espaço de comunhão de culturas e sensibilidades e um bom ambiente para os momentos de lazer.

Esperamos que haja quem nos ajude a concretizar o que será sem dúvida uma mais valia para a cidade, pois, acreditamos que apostar na cultura e, particularmente na arte sacra, é uma aposta segura.

Cónego Eduardo P. da Silva

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