Bento XVI denuncia «manipulação ideológica da religião»

Papa falou na maior Mesquita da Jordânia entre chefes religiosos e corpo diplomático Bento XVI denunciou este Sábado, na Mesquita al-Hussein bin-Talal, em Amã, a manipulação ideológica da religião para fins políticos, o que pode conduzir à violência. O Papa falava perante os chefes religiosos muçulmanos, o corpo diplomático e com os reitores das universidades jordanas e rejeitou a posição dos que acreditam que a “religião é necessariamente uma causa de divisão no nosso mundo” e que afirmam que “quanto menor atenção for dada à religião, melhor”. Reconhecendo a existência de tensões e divisões entre os membros de diferentes tradições religiosas”, Bento XVI afirmou ser a “manipulação ideológica da religião, às vezes para fins políticos, o verdadeiro catalisador de tensões e divisões, e até, a violência na sociedade”. Esta situação, considerou, obriga os crentes a “serem coerentes com os seus princípios e convicções”. “Muçulmanos e cristãos, precisamente por causa do peso de uma história marcada por mal-entendidos, devem agora esforçar-se, para, reconhecer a sua comum origem de Deus e lutar pela dignidade de cada pessoa humana”. Bento XVI citou algumas iniciativas promovida pela Jordânia na promoção do diálogo inter-religioso, afirmando que o país constitui um exemplo “persuasivo para a região e para todo o mundo” da contribuição positiva e criativa que a religião pode e deve dar à sociedade civil. O Papa quis reforçar a possibilidade de muçulmanos e cristãos “assumirem juntos a tarefa de abraçar o bem comum” mesmo que tenham de “pagar preços pessoais”. Bento XVI deixou um apelo final para que “diplomatas e comunidade internacional, líderes políticos e religiosos locais” façam o possível para “garantir à antiga comunidade cristã o direito fundamental da coexistência pacífica com os próprios concidadãos”. O Papa saudou ainda a presença do Patriarca de Bagdad, Emmanel II Delly, presente no encontro como representante da comunidade cristã iraquiana que vive na Jordânia. Bento XVI esteve acompanhado pelo príncipe Ghazi ben Mohamad, primo e conselheiro religioso do rei Abdallah II. O responsável jordano classificou a visita papal como um “gesto de boa vontade e um sinal de respeito mútuo entre muçulmanos e cristãos” e agradeceu ao Papa ter manifestado o seu arrependimento pelo resultado das suas declarações em Ratisbone. “Gostaria de lhe agradecer por ter exprimido arrependimento relativamente ao discurso de 2006, que ofendeu os muçulmanos”, disse o príncipe, acrescentando ter igualmente apreciado que Bento XVI tenha mais tarde clarificado que a citação de um texto medieval sobre Maomé no centro da polémica não reflectia a sua visão pessoal. Este é o segundo dia de visita de Bento XVI à Terra Santa, numa etapa que começou na Jordânia. Este Sábado, a Irmandade Muçulmana e a sua ala política manifestaram que a presença do Papa não é “bem-vinda”, numa alusão ao discurso proferido pelo Papa em 2006, na universidade de Regensburg, na Alemanha.

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