Bispo do Porto alerta para «conotação moral» da crise

D. Manuel Clemente diz que é preciso lembrar «ambições desmedidas ou pouca lisura de processos» D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, alertou este Domingo para a “conotação moral” da crise, afirmando que é necessário ter em conta as “ambições desmedidas ou pouca lisura de processos” que estiveram na origem da conjuntura actual. Na celebração de Ramos, que decorreu na Sé do Porto, o prelado defendeu que “começar a Semana Santa em 2009 significa necessariamente adesão e compromisso pessoal em relação à misericórdia divina, revelada passo a passo nas atitudes definitivas de Cristo, tão manifestadas na Liturgia e na Palavra destes dias”, agravados “por dificuldades grandes na sociedade e nas famílias”. “Não faltam, é certo, boas-vontades e iniciativas de múltipla proveniência, para ultrapassarmos a conjuntura. Tudo bom em geral e por mais que seja. Mas não devemos esquecer a conotação moral da presente crise, no que também resulte de ambições desmedidas ou pouca lisura de processos”, apontou. O Bispo do Porto deixou uma saudação especial para “todos quantos, nos diversos sectores, com especial relevo para as famílias, as escolas e as empresas, não desistem de garantir o futuro geral pela maior disponibilidade própria, alimentando a esperança duma sociedade que neles encontra o melhor de si mesma”. D. Manuel Clemente observou que “a Igreja, enquanto Igreja, não pode nem deve realizar directamente as variadas funções de construção e reconstrução do mundo”, mas “pode e deve preencher e animar todas as actividades humanas com aquele Espírito que o Filho de Deus difundiu na terra para que a aventura humana se retome e conclua na paz”. “A Igreja – que é Povo de Deus, Corpo de Cristo e Templo do Espírito – na complementaridade dos seus ministérios e carismas, começa hoje, no Portugal que somos em 2009, uma Semana que a fará mais santa, na medida em que a Palavra for mais ouvida, a Oração mais continuada, os Sacramentos mais recebidos e a Caridade mais actuada”, acrescentou. Pra o Bispo do Porto, “tudo nos converterá também mais aos sentimentos de Cristo e de quem «está verdadeiramente em Cristo», para reproduzirmos entre familiares e sem-família, empregados e sem-emprego, saudáveis e enfermos, acompanhados e sós de múltiplas solidões, o serviço humilde e consequente d’Aquele a quem chamamos Mestre e Senhor”. Noutro ponto da sua homilia, o prelado defendeu que “uma das causas de tanta desistência religiosa” se encontra na descrença em relação a um “deus” que “não garante como queríamos o êxito individual apetecido”. “Aprendamos com Cristo – especialmente os jovens a quem este dia é dedicado – que serão bem recordados, daqui a dois mil anos e sempre, apenas aqueles que fizeram da sua vida a partilha generosa do que têm e do que são, e são exactamente porque oferecem”, apontou. Notícias relacionadas • Homilia do Bispo do Porto no Domingo de Ramos

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