Angola: D. Jorge Ortiga aponta palavras corajosas de Bento XVI

Reconstrução e reconciliação nacional foram apelos deixados por Bento XVI na visita de quatro dias a Angola. Apelos sublinhados por D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, como sementes deixadas ao povo angolano, apostado em dar continuidade aos apelos do Papa. D. Jorge Ortiga aponta à Agência ECCLESIA a manifestação espontânea, viva e emotiva do povo angolano que se traduziu no número de angolanos que acorreram a estar com o Papa, mas também no acolhimento à mensagem deixada por Bento XVI. Uma mensagem “muito rica, variada e também muito incisiva sobre os problemas da vida”. Segundo o Presidente da CEP, Bento XVI deu um “grande contributo para a reconstrução através da reconciliação”. Bento XVI focou várias vezes a dimensão de unidade, “de que todos são irmãos, onde a lei do mais forte nem a corrupção têm espaço,”. O Papa focou os ideais de transparência “a começar pelos cargos públicos”, mas também a “importância que os valores familiares ocupam na transmissão não apenas da fé, mas do humanismo integral”, D. Jorge Ortiga recorda ainda o encontro entre o Papa e os movimentos católicos para a promoção da mulher de Angola, onde os ideais de igualdade, dignidade e o reconhecimento da sua “dimensão heróica na vida do dia-a-dia”, fizeram história. Com os jovens os Papa apelou à coragem para ser diferente. “É a diferença que marca o futuro da História”, destaca. Apelos deixados pelo Papa que as diversas dioceses vão reflectir e ver como concretizar. Do contacto com os bispos e com o povo angolano, D. Jorge Ortiga destaca “uma boa preparação nas dioceses”. O Povo angolano presente nas manifestações “não era só de Luanda, mas de todas as dioceses angolanas”. Os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé vão agora reunir-se em assembleia plenária. D. Jorge adianta que um dos pontos em agenda será “como dar continuidade aos desafios deixados pelo Papa”. No discurso de despedida esta manhã, já no aeroporto, Bento XVI deixou um apelo às autoridades políticas públicas para que não esqueçam as necessidades do povo angolano, recordando que quem ocupa os cargos públicos, o deve fazer sob o jugo do bem comum. O Presidente da CEP destaca a audácia e coragem do Papa ao “lembrar às autoridade de um país em construção o dever de ter presente as situações de miséria, de carência das estruturas básicas essenciais”. D. Jorge Ortiga destaca também as palavras fortes e a coragem do Papa quando se encontrou no Palácio Presidencial e falou da dimensão do bem público que as autoridades devem manifestar. “O Papa apelou ao trabalho para o bem-estar das populações e não para o bem-estar pessoal”. Se o desenvolvimento cabe ao povo angolano, D. Jorge Ortiga recorda que Bento XVI apontou, “por diversas vezes, o contributo dos missionários, a chegada dos portugueses e à conciliação entre culturas”. A Igreja angolana começa a dar sinais de crescimento, em estruturas e agentes de pastoral, mas, assume o Presidente da CEP, “há ainda muitas carências”. As missões no interior do país, têm a seu cargo a educação e a saúde. “A Igreja portuguesa deve continuar a sentir responsabilidade pela igreja e povo angolano, particularmente na dimensão social. Do pouco que temos, ainda temos muito para dar ao povo angolano que nos acolhe e, que possivelmente, abandonámos um pouco”. O Presidente da CEP regressa a Portugal esta Terça-feira. Até lá vai continuar em contactos com os bispos lusófonos angolanos. “São oportunidade para dialogarmos e perceber expectativas de cooperação. Os angolanos não precisam de esmola, mas de crescerem por si próprios, com a colaboração solidária dos portugueses”.

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