Bento XVI pede igualdade para as mulheres

Papa conclui terceiro dia em Angola com apelos em favor de uma maior visibilidade pública da presença feminina Bento XVI encontrou-se este Domingo com os movimentos católicos para a promoção da mulher de Angola, tendo defendido a necessidade de “reconhecer, afirmar e defender a igual dignidade do homem e da mulher”. “Ambos são chamados a viver em profunda comunhão, no recíproco reconhecimento e dom de si mesmos, trabalhando juntos para o bem comum com as características complementares do que é masculino e do que é feminino”, assinalou. Num encontro que decorreu na igreja de Santo António, em Luanda, o Papa começou por dirigir “uma saudação minha carregada de estima e de esperança vai para as mulheres, a quem Deus confiou as fontes da vida: Vivei e apostai na vida, porque Deus vivo apostou em vós”. Bento XVI exortou a “tomar efectiva consciência das condições desfavoráveis a que estiveram – e continuam a estar – sujeitas muitas mulheres, examinando em que medida a conduta e as atitudes dos homens, às vezes sem sensibilidade ou responsabilidade, possam ser a causa daquelas”. Pedindo mais espaço para as “«razões do coração»”, o Papa explicou que “num mundo como o actual dominado pela técnica, sente-se necessidade desta complementaridade da mulher, para o ser humano poder viver nele sem se desumanizar de todo”. “Pense-se nas terras onde abunda a pobreza, nas zonas devastadas pela guerra, em tantas situações trágicas resultantes de emigrações forçadas ou não… São quase sempre as mulheres que ali mantêm intacta a dignidade humana, defendem a família e tutelam os valores culturais e religiosos, precisou. O Papa admitiu que a história regista quase exclusivamente as conquistas dos homens, “quando, na realidade, uma parte importantíssima da mesma se fica a dever a acções determinantes, perseverantes e benéficas realizadas por mulheres”. Neste contexto, apresentou o exemplo da angolana Teresa Gomes, mãe de família e líder católica durante os anos de perseguição “política e ideológica”, e da pediatra italiana Maria Bonino, voluntária em diversas missões, tendo sido a responsável do sector pediátrico no Hospital provincial do Uíje nos dois últimos anos da sua vida. “A Igreja e a sociedade humana foram – e continuam a ser – imensamente enriquecidas pela presença e as virtudes das mulheres, em particular daquelas que se consagraram ao Senhor e, apoiadas nele, puseram-se ao serviço dos outros”, referiu Bento XVI. Citando uma mensagem de João Paulo II, o actual Papa indicou que “já ninguém deveria nutrir dúvidas de que as mulheres têm, na base da sua igual dignidade com os homens, «pleno direito de se inserir activamente em todos os âmbitos públicos, e o seu direito há-de ser afirmado e protegido, inclusivamente através de instrumentos legais, onde estes se revelem necessários»”. Em particular, prosseguiu, “a presença materna no seio da família é tão importante para a estabilidade e o crescimento desta célula fundamental da sociedade que deveria ser reconhecida, louvada e apoiada de todos os modos possíveis”. Por seu lado, as mulheres da PROMAICA (Promoção da Mulher Angolana na Igreja Católica) disseram a Bento XVI que as suas actividades têm ajudado a mulher a assumir o seu verdadeiro papel na Igreja e na sociedade, através da evangelização, catequese e formação para a liderança. “Para o efeito a PROMAICA aposta na eliminação do analfabetismo, da discriminação, do alcoolismo e da violência doméstica”, explicaram. A promoção de projectos como a atribuição de microcrédito, produção agrícola, cursos de corte e costura, pastelaria, culinária, artes e ofícios são outras acções empreendidas pela PROMAICA, no sentido da promoção da mulher angolana na condição de camponesa, operária, zungueira (vendedora de rua), política, doméstica, professora, entre outras. Neste encontro, num momento de oração, rezou-se para que a mulher angolana “seja sempre construtora da paz, promotora da solidariedade e defensora da vida”. A oração lembrou as “mães solteiras que não encontram acolhimento na família nem na sociedade” e “todas as mulheres maltratadas, violentadas, oprimidas por tantos problemas sociais”.

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