Semana Cáritas

Despertar consciências anestesiadas, proporcionar o acesso a saberes indispensáveis, transformar mentalidades, avivar o sentido inalienável das responsabilidades pessoais e colectivas, dar a conhecer problemas e boas práticas para os superar, encorajar os que lutam por um mundo melhor e motivar outros a fazer o mesmo, são alguns dos objectivos, enunciados por Eugénio Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa, que orientam a prática diária de quem assume a caridade com competência profissional. Anos e dias de trabalho que ganham maior destaque na Semana Nacional da Cáritas (entre o dia 8 e 15 de Março) para que o que é assumido por alguns seja dever de todos. A Cáritas reúne respostas plurais ao encontro da caridade e da justiça. É um serviço da Igreja destinado a desenvolver a sua acção social e tem por missão satisfazer as necessidades de ordem económica e social. Um serviço organizado que não se baseia apenas nas respostas aos problemas sociais plurais. Sem os descurar, tem por missão ir mais longe. “Prevenção, promoção das pessoas, desenvolvimento, humanização da sociedade, transformação das estruturas nomeadamente da intervenção nos poderes de decisão, vocação dos católicos de inserção nas estruturas”, assim escrevia Bento XVI, em 2006 na Encíclica, Deus Cáritas Est. Um impulso à caridade, já expressa na Doutrina Social da Igreja, que sublinha princípios de bem comum, de dignidade da pessoa humana, de participação e solidariedade, sem esquecer a subsi-diariedade e o destino universal dos bens. É esta a realidade que alimenta o dia-a-dia de cada Cáritas, seja diocesana ou paroquial. Uma proposta dirigida universalmente, não particularmente, que encontra eco nas formas diversas e contextos socioeconómicos, não poucas vezes condicionados por razões geográficas. A diversidade impera, porque o homem é diferente no seu contexto específico. A Cáritas da Guarda, em parceria com as congéneres espanholas de Salamanca e de Castelo Rodrigo, está apostada em reverter a desertificação crescente na zona raiana, fruto do desemprego e envelhecimento do interior. Consequência de um estudo intitulado “A Raia. Realidade Problemática, Futuro de Esperança”, este serviço da Igreja local aposta agora na criação de um centro inter-diocesano de intervenção social e na dinamização de sectores chave como o turismo para fixar população e empresas. Desafios diferentes tem a Cáritas de Aveiro que criou um núcleo de atendimento a vítimas de violência doméstica. Esta resposta organizada em rede (Governo Civil, Hospitais, Segurança Social, Ordem de Advogados, Universidades, entre outros) assegura o atendimento e acompanhamento psicológico, social e jurídico às vítimas ao mesmo tempo que serve de plataforma de acolhimento e encaminhamento. A diocese do Algarve decidiu recentemente privilegiar a ligação que os serviços paroquiais têm com a protecção civil com vista a colaborar em situações de emergência, como incêndios ou cheias, e ajudar a população. Atenta ao fenómeno da imigração e aos desafios que a multiculturalidade lança em Portugal, a Cáritas de Viana do Castelo, à semelhança de iguais respostas noutros pontos do país, criou o Centro de Apoio à Integração do Imigrante. Este serviço, em ligação com o Alto Comis-sariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, atende, acolhe, encaminha e procura integrar um cidadão de qualquer nacionalidade, religião ou etnia. Recentemente lançou a valência de leccionação de português para estrangeiros. A Cáritas do Porto, numa clara aposta educacional e em articulação com os professores de Educação Moral e Religiosa Católica, presta ajuda a estudantes em situações sociais carenciadas, libertando assim as famílias mais carenciadas nos encargos escolares. Também internacionalmente, a Cáritas portuguesa é presença e ajuda. Estando atenta a tragédias mundiais ou numa ligação mais próxima aos países lusófonos, a Cáritas direcciona as suas ajudas às populações mais vulneráveis ou patrocina projectos de desenvolvimento sustentável. O destaque recente que a Cáritas ganhou com as consequências da crise financeira e económica, recebendo mais pedidos de ajuda social, contrariam uma longa história de acção social. Pedidos de ajuda financeira, alimentos, roupas, bens, tudo se pede, tudo se procura, tudo se encontra numa resposta próxima aos mais carenciados. Paulo VI afirmou que “os homens do nosso mundo precisam mais de testemunho do que de mestres”. Os padres conciliares sublinharam que ninguém deveria receber por esmola o que é devido por direito. Regressamos, por instantes, a Bento XVI. A caridade enquanto serviço de amor ao próximo é livre de proselitismos. “A caridade não deve ser um meio em função do proselitismo. O amor é gratuito não é realizado para alcançar outros fins. (…) Quem realiza a caridade em nome da Igreja nunca procurará impor aos outros a fé da Igreja”. A acção social não é um sentimento. Os sentimentos “vão e vêm”, mas a caridade, que significa amor, é maior que uma “centelha inicial”. Na actual situação mundial de ineficaz distribuição dos bens, a DSI que orienta os caminhos de acção social, deve ser encarada como um instrumento válido, que ultrapassa as fronteiras eclesiais. Notícias relacionadas Igreja fala em risco de «implosão social» Apresentação da Semana Nacional da Cáritas 2009 Amor que sensibiliza a dura cerviz Ajudar em tempo de crise

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