Cardeal-Patriarca diz que há «mistura» de questões no debate sobre a eutanásia

O sentido cristão do sofrimento, sobretudo o dos doentes, o problema da eutanásia e do suicídio são pontos abordados por D. José Policarpo esta Terça-feira no programa da RR “A Três Dimensões”. Numa altura em que se discutem temas tão delicados como a eutanásia, o Cardeal-Patriarca de Lisboa lamenta que a própria definição do que é vida possa estar posta em causa: “Há 20 anos, pareceu-me que era pacificamente admitido entre a ordem médica que a vida acabava com a morte cerebral, portanto o encefalograma “liso”, como eles diziam. Portanto significava o fim da vida e, aí, as obrigações éticas diante da vida também se alteravam, também cessavam”. D. José Policarpo recorda os mais recentes avanços na medicina para dizer que o estado vegetativo levanta cada vez maiores dúvidas, mesmo entre a classe médica. “A medicina deu saltos (…) e sinto nos médicos -mesmo nos mais sérios, nos mais conscientes – uma certa dificuldade de dizer que “isto é uma vida vegetativa irreversível”, até porque tem havido casos de regresso”. “Se a classe médica tem dificuldade em dizer “isto é irreversível” se há uma hipótese num milhão de essa pessoa regressar, se a classe médica tem dúvidas, o moralista não pode deixar de as ter porque estamos diante de fronteiras do absoluto da vida”, questiona. Na questão da eutanásia “misturam-se as questões”. O Cardeal recorda que “as questões morais são claras: ninguém tem direito a por fim à sua própria vida, ninguém tem direito a colaborar com alguém que queira por fim à sua própria vida”. “Não é preciso inventá-las agora, nem é preciso estar a fazer grandes reflexões éticas”, afirma, embora reconheça que “os problemas de fronteira é que são complicados, para já entre a medicina e a ética”. Já quanto à questão do sofrimento e de a eutanásia ser uma forma de “acabar” com ele, D. José Policarpo lembra que o sofrimento é uma realidade com a qual o ser humano se depara muitas vezes durante a vida. O Cardeal-Patriarca lembra mesmo que “o sofrimento (…) é uma realidade mais comum na Humanidade e na vida do Homem do que o bem-estar, a felicidade. É uma realidade insofismável. Portanto, o sofrimento atinge todos. Atinge comunidades inteiras, faz parte da existência humana, é uma realidade muito forte muito presente”.

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Agência ECCLESIA

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