Milhões de estrelas pela paz

Entrevista a Eugénio da Fonseca, Presidente da Cáritas, que fala da campanha “Milhões de estrelas pela paz” Agência ECCLESIA – Em que consiste a campanha “Milhões de estrelas pela paz”? Eugénio da Fonseca – Com o intuito de aproveitarmos a quadra natalícia e reforçarmos as consciências das pessoas na criação de espaços para a paz. Na certeza que a paz só se constrói alicerçada na reconciliação e na solidariedade. Esta iniciativa é uma operação que está pensada para os grandes conflitos que grassam pelo mundo: Iraque, Palestina e alguns países africanos. Mas também é uma operação que está dirigida para cada um de nós, para as nossas casas, para as relações do trabalho e de vizinhança. Todos temos de ter consciência que estes conflitos chegaram porque fomos semeando, nas nossas relações, sementes de violência. O Ser humano está mais propício a ouvir mensagens deste valor na quadra do Natal. AE – Mas o nascimento desta iniciativa não foi em solo luso? EF – A campanha nasceu em França e actualmente está espalhada por alguns países da Europa e da Ásia. Em Portugal, uma boa parte das Cáritas diocesanas não quis deixar de participar nesta grande corrente a favor da paz que se chama «Dez milhões de Estrelas – um gesto de paz”. AE – Como funcionarão a nível diocesano? EF – Fica à criatividade de cada diocese. Deixámos à livre iniciativa as dioceses aderentes porque nem todas aderiram este ano. AE – Quais as «faltosas»? EF – Não é uma questão de falhar porque isto surgiu a meio do ano e algumas dioceses consideraram não ter condições, este ano, para aderir à campanha. O que se pede, e concerteza que o irão fazer, é que se forem interpeladas no sentido de fazer chegar às pessoas o gesto simbólico desta operação, é uma vela, que possam por essas pessoas em contacto com outras dioceses que aderiram. AE – Essa adesão pode ser total ou parcial. EF – Sim. Algumas já estão a realizar iniciativas – colóquios, encontros Inter-religiosos, sensibilização nas escolas – e todas, as que aderiram à globalidade da campanha, realizarão acções públicas. Recomendou-se que escolhessem o lugar emblemático da diocese e que durante o dia se faça animações, para crianças e adultos, com canções, jogos e contactos explicativos. Para o final do dia, quando este começar a escurecer, esse lugar simbólico é iluminado por velas maiores. Quando as velas estiverem a arder, as personalidades aderentes transmitirão a sua mensagem de paz. Já está em curso, praticamente em todas as dioceses, a venda das velas. AE – É a vertente solidária da iniciativa. EF – A vela tem uma carga simbólica e uma envolvente de solidariedade. Começo pelo simbolismo: a campanha encerra dia de Natal por isso pedimos a todas as pessoas que adquirirem essa vela para que, entre as 21 horas do dia 24 de Dezembro e a 1 hora do dia 25, mantenham essa vela acesa num lugar visível para o exterior da sua casa. O objectivo é que digam, aos seus mais próximos, que também vivem esta preocupação da paz e querem fazer algo, nem que seja um pequeno gesto. Ao nível da solidariedade: a vela é vendida, no mínimo a 50 cêntimos, e o produto da venda fica 75% na diocese respectiva e 25% é entregue à Cáritas Portuguesa. Penso que a maior parte das dioceses que aderiu à iniciativa escolheu como alvo de aplicação desse dinheiro a pessoas portadoras de deficiência. Os 25 % destinados à Cáritas Portuguesa é para apoiar um projecto de apoio a pessoas mutiladas no Uganda. AE – E nos outros países? EF – É para um país em vias de desenvolvimento. Em Portugal fizemos assim mas para o ano iremos continuar e começar mais cedo. A ideia é colorir as velas por crianças ou por idosos. AE – Pensam vender quantas velas? EF – Encomendámos 200 mil velas mas estamos com medo de serem poucas. Para começar já é um sinal. AE – E as personalidades públicas estão a aderir ao projecto? EF – Sim. Sim. AE – Pode citar alguns nomes? EF – O senhor Cardeal Patriarca, Maria José Ritta , Adriano Moreira, Marcelo Rebelo de Sousa, Ruy de Carvalho, Eunice Munoz, Carlos do Carmo, Scolari, Manuela Eanes, entre outros. AE – E os lideres religiosos? EF – Fizemos um convite aos lideres das principais religiões monoteistas radicadas em Lisboa para aderirem à campanha. Estamos à espera de resposta… AE – Tiveram dificuldades de implantar a campanha? EF – Não foi fácil mas julgo que foi uma proposta diferente de viver o Natal. Se nos queixamos que o Natal está transformado em consumismo queremos ver agora essas pessoas a dar uma pedrada no charco. Será uma pequena vela com luz ténue mas que simbolizará mais que as luzes de néon que proliferam a todo o momento. AE – um combate de luzes? EF – A solidariedade tem de ser uma cultura que se faz destes pequenos gestos Não olhemos para isto como folclore. Uma oportunidade de ajudar o próximo mas o que me está a surpreender é que a adesão maior está a vir dos sectores fora da igreja.

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