Filhas da Caridade em festa

150 anos de trabalho ao serviço dos mais pobres em Portugal assinalados com a presença dos responsáveis maiores da Congregação A Congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo encerrou a celebração dos 150 anos da sua presença em Portugal durante este fim-de-semana, 7 e 8 de Fevereiro. As religiosas, vocacionadas para o trabalho na educação, na saúde e no campo social, tiveram consigo o Superior geral da Congregação da Missão e da Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, o Pe. George Gregory que presidiu à celebração eucarística que encerrou o aniversário. Enaltecendo o trabalho destas religiosas, o Superior Geral reconheceu que os 150 anos de trabalho têm sido pautados por gramdes mudanças. A História tem mudado, e que por isso “o número das religiosas tem diminuído para prosseguir a evangelização ao serviço dos pobres”. O Pe. George Gregory apontou que, neste contexto, “estamos chamados a construir esta história através do que somos e do que temos”. Assim como São Vicente, recordou o Superior Geral, ao envelhecer, reconheceu as suas limitações, “as irmãs devem continuar a dar-se à sua missão até ao fim. Deus não pede agora nem mais nem menos às Irmãs, aqui em Portugal, do que continuar ao serviço dos pobres com as limitações que experimentam no actual momento”. “É possível que não venham a ter a oportunidade de trabalhar com muitas pessoas, como aconteceu antes. Mas se uma pessoa se cura e conhece a voz de Deus através da presença das Filhas da Caridade, pelo seu sorriso, pelo seu carinho ou pela sua ternura, podem dizer que tem valido a pena”. O Pe. George Gregory apontou ainda, durante a homilia, que a melhor pregação é o testemunho de vida. “Isto é o que tem dado credibilidade às Filhas da Caridade aqui, durante tantos anos”. O sacerdote apontou que as religiosas têm constituído uma prova de que “a Palavra é essencial nas suas vidas e que produz vida nos que partilham o seu trabalho, sobretudo entre os irmãos mais pobres”. Também em Portugal, esteve a Irmã Evelyne Franc, Superiora geral das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Numa mensagem no final da Eucaristia, a religiosas apontou a celebração como uma ocasião para “reconhecer a fidelidade ao carisma dos nossos Fundadores, das primeiras Irmãs e de todas aquelas que se seguiram”. A Superiora dirigiu palavras de apreço às autoridades da cidade, “pela sua presença entre nós, hoje, e pelo seu apoio”, sem esquecer a Família vicentina, “os amigos, mas muito particularmente aos Padres da Congregação da Missão que nos têm ajudado e apoiado na nosso caminhada desde a fundação da nossa Província”. “Os irmãos e irmãs carenciados, que são a razão do nosso ser e agir, e a todas as Filhas da Caridade que ao longo deste 150 anos, marcaram com a sua presença este país pela sua vida toda doada e o seu testemunho da caridade”, foram pessoas lembradas na celebração. Encerramento cultural A sessão de encerramento da celebração dos 150 anos de presença em Portugal das Filhas da Caridade terminou com outros dois acontecimentos, durante o fim-de-semana. No Sábado, os alunos do Externato de S. Vicente de Paulo, através de diferentes expressões artísticas, evocaram o trabalho das Filhas da Caridade numa sessão cultural. Domingo, depois da celebração eucarística, D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, participou numa sessão solene que contou também com a presença do Núncio Apostólico em Portugal, D. Rino Passigato. Neste encontro, Paulo Fontes, membro do Centro de Estudos de História Religiosa da UCP, enquadrou na história de Portugal e na história religiosa de Portugal o tempo de trabalho das irmãs, considerando que as Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo “não são uma ordem monástica ou conventual, à maneira medieval”. São “uma companhia”, com traços de contemporaneidade que permitiu que se inserissem no contexto liberal do Portugal do séc. XIX de forma diferente de outras congregações religiosas: o facto de não terem votos definitivos, mas temporários fazia com que cumprissem um dos ideais da revolução liberal, o de “preservar a liberdade individual”. Por outro lado, num contexto onde se afirmava a utilidade imediata de tudo e de todos, o facto de trabalharem ao serviço dos pobres e em contexto hospitalar, permitiu que afirmassem uma “utilidade social”. Em declarações ao Programa Ecclesia, Paulo Fontes referiu que as Filhas da Caridade “estão na génese do que será no Séc. XIX o florescimento de novas congregações religiosas”. D. Rino Passigato, incluiu os 150 anos das Filhas da Caridade em Portugal como uma “história muito rica, muito importante” da Igreja Católica. O compromisso em favor das pessoas menos favorecidas é “a expressão mais importante do Evangelho”. Afirmando o carácter recíproco do exercício da caridade, onde é necessário partir ao encontro do outro, o Núncio Apostólico em Portugal referiu ao Programa Ecclesia que por causa da crise económica e financeira, precisam directamente da caridade “as pessoas que não têm casa, que não têm trabalho, que não têm meios para sobreviver”. E referiu o trabalho realizado por instituições eclesiais – como as fundadas por S. Vicente de Paulo, pela Caritas – que ajudam as pessoas “que estão em momentos de crise particularmente aguda”. Nesta sessão solene, que encerra um ano de celebração dos 150 anos em Portugal das Filhas da Caridade, foi ainda apresentado um livro que evoca os principais momentos dessa história e um CD com «músicas vicentinas».

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