Missionários da Consolata procuram «entrar na corrente»

De 5 a 9 de Fevereiro reuniu-se em Fátima um grupo de 35 Missionários e Missionárias da Consolata e Leigos Missionários da Consolata de Itália, Espanha e Portugal para três dias de reflexão, análise e programação das suas actividades no campo da animação missionária e vocacional, da Justiça e Paz e dos Meios de comunicação. Abriu o encontro o padre Alfredo Dinis, Director da Faculdade de Filosofia de Braga, com uma palestra sobre o nosso “ad gentes” hoje na Europa e sobre o modo de anunciar o Evangelho num mundo em mudança. Tocando nos três temas específicos da imigração, periferias urbanas e jovens, o conferencista convidou-nos a considerar as mudanças culturais da nossa sociedade em contínuo movimento. A crescente auto-confiança das pessoas, uma forte aversão, sobretudo entre os jovens, a toda e qualquer forma de estrutura, organização e esquemas fixos, e o afastamento progressivo dos valores tradicionais provoca questionamentos ao nosso estilo de presença missionária na Europa. Com a imagem do ciclone tropical, em que à fúria dos elementos da natureza corresponde o centro do tornado, estático e em completa ausência de vento, o padre Alfredo Dinis desafiou-nos a analisar a nossa presença na Europa. Não será que, num mundo em contínuo movimento, estamos também nós tantas vezes nesse centro, sentados passivamente a olhar para aquilo que sucede fora? O convite à assembleia foi muito explícito: sair do nosso centro, envolver-nos na corrente, com entusiasmo, sem nada pretender, mas com um profundo sentido de esperança no Cristo que anima a nossa missão. Nos trabalhos de grupo da tarde os participantes puderam reflectir sobre o modo como nos podemos envolver nessa corrente para que a nossa presença na Europa seja mais profícua. Foi dito claramente que isso faz parte do nosso ADN vocacional, como Instituto Missionário. A nossa vocação leva-nos necessariamente a lançar-nos na corrente, tal como fez o Beato Allamano com o primeiro grupo de quatro missionários enviados em 1902 para o Quénia. Lançados num mundo desconhecido, souberam responder com entusiasmo às exigências da missão. Hoje, como ontem, é possível vencer os nossos medos para sermos testemunhas credíveis também na Europa. Os dois dias seguintes passaram pelo modo como queremos viver o nosso relacionamento no meio de culturas diversas, tal como o exige a nossa vocação missionária. O irmão com quem me relaciono é importantíssimo na construção da minha vida. Dar tempo aos outros. Precisamente porque temos coisas demais a fazer, podemos perder o essencial que é dar tempo aos irmãos. É o “fazer-se tudo a todos” que encheu a vida de S. Paulo. A referência ao centenário de fundação das Irmãs da Consolata foi igualmente importante: mais do que uma celebração é para elas uma oportunidade de renascer, de purificar as vias circulatórias do organismo do Instituto para que o sangue do carisma possa irrigar toda a sua (e nossa) vida. Os Leigos Missionários da Consolata da Itália, Espanha e Portugal apresentaram todas as actividades (e são muitas!) de Animação Missionária e de Justiça e Paz em que estão envolvidos. No terceiro dia foi apresentado por cada País o esboço de um Projecto de Pastoral Juvenil que está em construção, a partir dos olhares dos próprios jovens sobre o mundo, a Igreja e a Missão. Fez-se em seguida uma programação possível e realizável no campo da AMV, JPIC, Imprensa e Formação para todo este ano, incluindo actividades que os três países podem realizar juntos. A médio prazo está a preparação para a Jornada Mundial da Juventude de 2011, em Madrid, com uma participação significativa dos nossos grupos juvenis. Foi um encontro que valeu a pena, sobretudo, pela possibilidade de troca de impressões, pelas reflexões de grupo e pelos momentos expressivos de oração e lectio divina que acompanharam as nossas actividades. Antes da dispersão, e a pedido dos participantes, o encontro terminou aos pés de Nossa Senhora de Fátima, com uma missa na Capelinha das Aparições, presidida pelo conselheiro geral dos Missionários da Consolata, p. Paco Lopez, às 07h00 desta Segunda-feira, dia 9. Afinal, os missionários/as da Consolata têm no seu ADN uma profunda raiz mariana. P. Darci Vilarinho

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