Gaza, onde a violência não tem fim

Uma vida vivida num campo de concentração. É assim que se pode definir a existência de milhares de pessoas na Faixa de Gaza, Palestina, onde falta tudo: água, alimentação, medicamentos, electricidade, gasolina, mas sobretudo paz e segurança. A nova onda de violência entre o Governo de Telavive e o Hamas já fez cerca de 900 mortos e mais de 3950 feridos. Perante esta situação, a organização católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informa que destinou uma contribuição extraordinária de 20 mil euros para ajuda de emergência aos cristãos de Gaza. “Como em 2007, a pequena comunidade católica está «esmagada» entre duas facções. Há dois anos atrás, os extremistas de Hamas combateram contra a formação Al-Fatah, que integrava a Organização pela Libertação da Palestina, OLP. Hoje, novamente, sentimo-nos chamados a levar consolo àquela terra, onde a violência e a guerra não distinguem inocentes de extremistas”, declarou Pierre-Marie Morel, Secretário-Geral da AIS. Na Faixa de Gaza, que conta com cerca 1,5 milhões de habitantes, vivem perto de 5 mil cristãos, a maior parte deles greco-ortodoxos. Os católicos de rito latino são apenas 300. Bento XVI tem condenado o “recrudescimento da violência” na Terra Santa, frisando que “a opção militar não é uma solução e que a violência, de onde quer que ela venha e seja qual for a forma que tome, deve ser condenada firmemente”. A actual situação em Gaza “provoca danos e sofrimentos imensos às populações civis” e complica ainda mais “a busca de uma saída para o conflito entre israelitas e palestinianos, vivamente desejado por muitos de entre eles e pelo mundo inteiro”. Os Patriarcas, Bispos e Chefes das Igrejas Cristãs em Jerusalém manifestaram a sua “profunda preocupação, dor e choque” perante o conflito que se verifica na Faixa de Gaza. D. Fouad Twal, Patriarca Latino de Jerusalém, explicou que “celebrámos aqui o Natal e estávamos felizes”, mas “com a situação em Gaza, todos os nossos sonhos, todos os nossos desejos, toda a nossa alegria desapareceram”. “Celebrámos o Dia da Paz enquanto vivemos uma situação dramática, trágica em Gaza, com centenas de mortos e milhares de feridos. No Dia da Paz, voltámos a rezar ao Senhor, porque a paz não depende somente de uma pessoa, tantos são os elementos que entram em jogo”, disse. O Custódio da Terra Santa, P. Pierbattista Pizzaballa, diz que “antes de tudo a mensagem dos Chefes das Igrejas Cristãs é um convite premente, forte a interromper este banho de sangue que está a arruinar ainda mais e a deteriorar as relações no mundo palestiniano”. O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, enviou entretanto uma mensagem de solidariedade às crianças de Gaza, onde afirma que “as crianças são as primeiras vítimas de todo tipo de violência”. No primeiro dia de 2009, o Papa lembrou a actual situação em Gaza, falando do “profundo desejo de viver em paz que sobe do coração da grande maioria das populações israelitas e palestinianas, mais uma vez colocadas em situação de risco pela maciça violência que explodiu na Faixa de Gaza, em resposta a outra violência”. Catorze dos 15 membros do Conselho de Segurança adoptaram a resolução 1860, a qual “apela para um cessar-fogo imediato, duradouro e plenamente respeitado”, que leve à retirada completa das forças israelitas de Gaza. Apesar da resolução, as operações israelitas e os lançamentos de mísseis palestinianos para Israel mantiveram-se na Faixa de Gaza.

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