Os cruzeiros do concelho de Braga estão a ser destruídos devido à acção humana ou à incúria. O alerta é lançado por Domingos Araújo, que inaugurou, dia 2 de Dezembro, no átrio do salão medieval da Biblioteca Pública de Braga, uma mostra sobre este património de cariz essencialmente popular. Esta exposição está associada ao livro “Símbolos de fé”, que deverá ser posto à venda nos próximos dias. Ao percorrer o concelho, Domingos Araújo constatou que “os cruzeiros da cidade ainda estão relativamente bem preservados”, mas à medida que se vai para a periferia o panorama muda. “Alguns estão abandonados, simplesmente esquecidos nos seus cantos, outros foram estragados com as tentativas de restauro e outros são deitados abaixo porque estão em lugares que é preciso alargar a via ou modernizar o espaço” – afirma. Este autor alerta para o facto de muitas das pedras dos cruzeiros que são desmontados acabarem por desaparecer, o que significa que se acaba com um testemunho histórico e simbólico da vida de uma comunidade. Este professor da Escola Secundária Carlos Amarante lança também uma advertência para a forma como estão a ser feitos os restauros. A “moda” é recorrer a jactos de areia para limpar os monumentos. E, acrescentou, este procedimento, por vezes, acaba mesmo por “limpar” as inscrições contidas na pedra, como se verificou recentemente no Arco da Porta Nova. Com estes métodos não só se contribui para a delapidação do património, mas para o desaparecimento de uma importante fonte de informação sobre o nosso passado. Neste caso, Domingos Araújo constatou que existe uma “falta de informação aflitiva sobre os cruzeiros”. “O que há é pouco mais do que referências à sua localização, ao estilo e inscrições de algumas bases” – assegurou.
