Irmão Alois: Um milhão de Bíblias impressas na China

Meditação no Encontro Europeu de Jovens, promovido pela Comunidade de Taizé Durante estes dias em Bruxelas, abordamos esta questão: de que fonte vivemos nós? E como desenterrar em nós esta fonte? Alguns séculos antes de Cristo, o profeta Isaías indicava uma fonte quando escrevia: «Aqueles que confiam no Senhor renovam as suas forças. Correm sem se cansar e marcham sem desfalecer.» Sim, é essencial estarmos atentos à presença de Deus nas nossas vidas. Daí poderemos retirar a esperança e a alegria. E para descobrirmos melhor a presença de Deus, estamos suficientemente conscientes de que temos este tesouro que é a Bíblia? No mês de Outubro estive três semanas em Roma, convidado para um Sínodo que reuniu bispos de todos os continentes. O assunto era a Bíblia, a Palavra de Deus e o seu lugar na nossa vida. Ouvimos testemunhos vindos do mundo inteiro. Alguns eram como pérolas preciosas… Um bispo da Letónia contou que, no seu país, durante o regime soviético, sacerdotes e simples crentes foram mortos por terem proclamado a Palavra de Deus. Um sacerdote da Letónia, chamado Victor, foi preso um dia porque tinha uma Bíblia. Os agentes do regime deitaram a Bíblia para o chão e mandaram o sacerdote pisá-la. Contudo, ele ajoelhou-se e beijou o livro. Então, foi condenado a dez anos de trabalhos forçados na Sibéria. Quando ouvimos este tipo de testemunhos, compreendemos bem o quanto a Bíblia foi amada e transformou a vida de inúmeras pessoas. Nesse Sínodo expressou-se a grande preocupação de dar um maior valor à Bíblia. Um cardeal agradeceu aos cristãos da Reforma pela atenção à Bíblia. Um bispo disse: «Na Igreja católica houve uma reacção contra a ‘Sola Scriptura’ da Reforma e minimizámos a importância da Bíblia. Estamos agora a sair desse período.» É claro que não é sempre fácil ler a Bíblia. Encontramos lá textos que não compreendemos. Para tornar a leitura mais fácil, é importante sublinhar duas vias de acesso. A primeira: o que está no coração da Bíblia é o amor de Deus e o amor ao próximo. A Bíblia é a história da fidelidade de Deus. A outra via de acesso à Bíblia é a seguinte: o Evangelho diz-nos que Cristo é, ele mesmo, a Palavra de Deus. Quando lemos as Escrituras encontramo-lo a ele, o Cristo, escutamos a sua voz, entramos numa relação pessoal com ele. Por isso, em Taizé, gostamos de cantar algumas palavras da Escritura. O cântico que se repete permite interiorizar uma palavra. Gostamos também dos longos silêncios vividos em conjunto. No silêncio, uma ou outra palavra pode crescer dentro de nós. E aprendemos também com os cristãos do Oriente a amar os ícones. Eles estão completamente impregnados pela Bíblia. A agora termino com um projecto concreto. A Palavra de Deus une-nos, para lá das divisões. Ela une-nos também, para lá das fronteiras, aos que estão muito longe de nós. Esta noite alegramo-nos por podermos dar um sinal concreto desta unidade, em particular com os cristãos da China. No próximo ano, em 2009, teremos um sinal de amor e de comunhão para com o povo da China. Com a ajuda da «Operação Esperança» e dos que a apoiam, faremos imprimir na China e distribuir pelas diversas regiões desse imenso país um milhão de Bíblias. Amanhã (hoje, ndr) à noite, direi algumas palavras sobre a mensagem à União Europeia que se encontra na Carta do Quénia, e anunciarei as próximas etapas da nossa Peregrinação de Confiança através da Terra.

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