Cinema Português

Ao contrário de outros países europeus – como Espanha, França ou Itália, entre outros – não é possível em Portugal preencher a programação cinematográfica com um número significativo de obras nacionais. Por circunstâncias diversas o público não adere ao que é nosso, salvo raras excepções. Nem sempre da melhor qualidade, de tom em geral pessimista e muitas vezes lento, o cinema português não deixa por isso de progressivamente atingir uma certa diversidade, uma qualidade técnica crescente e contar com actores mais rodados, em boa parte devido aos trabalhos para a televisão. Sem ser um ano excepcional, em termos de número, 2008 contou com a média de uma estreia por mês. Doze filmes nacionais distribuídos ao longo do ano, havendo até dois dias em que estrearam duas obras em simultâneo. Para Janeiro anunciam-se quatro estreias num só mês, três das quais no dia 15, o que, mesmo tendo em conta a variedade de géneros, não pode deixar de ser considerado um acto temerário. O que parece um bom avanço terá que ser encarado com alguma preocupação. Avançar com quatro filmes nacionais num só mês dificilmente encontrará o público suficiente para justificar tal decisão. A produção portuguesa tem vindo a consolidar-se na ordem das quinze obras por ano, o que parece suficiente, não de forma a que se crie uma indústria cinematográfica mas a que, progressivamente, o público se adapte a ver o que é nosso, e a nossa produção se adapte, também ela, a concretizar o que o público gosta, sem prejuízo da qualidade. Se as promessas se cumprirem teremos em Janeiro um thiller bem executado, «Contrato»; a adaptação de um romance de Agustina Bessa Luís pela mão do experiente João Botelho, «A Corte do Norte»; a segunda longa-metragem de Mário Barroso «Um Amor de Perdição», (depois do bem sucedido «O Milagre segundo Salomé»); e, finalmente, o segundo filme de Raquel Freire, «Veneno Cura», uma inconsequente provocação em que domina o sexo num argumento quase ininteligível. Francisco Perestrello

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